A Fundação Perseu Abramo lança o primeiro número de sua Revista Conexão Periferias. “A partir de agora, ela será um veículo para divulgação e debate das ações e temas do projeto, que envolvem pesquisas, articulações, seminários e Fóruns Regionais”, comenta Paulo César Ramos, o PC, coordenador do projeto Reconexão, idealizado pela Fundação com o objetivo de aprofundar o diálogo e a cooperação com os coletivos das periferias de todo o Brasil.

Nesta edição inaugural, a Revista tem como principal tema toda sorte de violência contra os povos periféricos e contra aqueles que lutam pelo acesso à terra ou em defesa de suas terras originais. “Os conflitos não entram em nossa discussão pela via do direito liberal à propriedade privada, mas sim pelo direito e acesso à terra como instrumento de manutenção de vida, subsistência e cultura”, informa seu editorial.

Revista Reconexão Periferias chega com debate sobre luta pela terra e violências. Disponível para download

Créditos: FPA

Em tempos de desfaçatez autoritária, ode à morte dos pobres e elogio da ignorância como instrumentos de governo, a Revista põe o dedo na ferida. Um dos destaques é a apresentação de uma pesquisa inédita no Brasil, conduzida pelo projeto, que capta o crescimento das chacinas entre 2016 e 2018, mas também desnuda a prática oficial de esconder os dados. Entre suas façanhas, a pesquisa “Chacinas e Politização das Mortes no Brasil” dribla o silêncio e abre caminho para uma nova forma de acompanhar e denunciar essa modalidade de violência.

Viiolência que completa mais um triste aniversário. Em 2006, os Crimes de Maio perpetrados pelo Estado, em São Paulo, chocaram o país. Daquela história restam muitas chagas, porém, uma história de resistência dela nascida espanta positivamente o mundo: o movimento Mães de Maio. Nesta primeira edição, a Revista traz uma entrevista com sua fundadora, Débora Maria da Silva.

Outro marco dessa luta, o Massacre de Eldorado de Carajás, é abordado em artigo muito especial. A denúncia da prática racista e sexista das polícias também ganha novo olhar em outro artigo.

Uma análise sobre a informalidade do mercado de trabalho e sua predominância nas periferias das cidades, objeto de outra pesquisa desenvolvida pelo projeto Reconexão Periferias, segue o fio condutor proposto pela edição. Afinal, a luta por emprego e renda para além das regiões centrais também não é outra faceta da disputa de territórios e de resistência à opressão?

Completam a edição inaugural dois olhares sobre a luta dos povos indígenas, uma seção com anúncios de oportunidades de trabalho oferecidas por coletivos da periferia e, por fim, a agenda desses mesmos coletivos para o mês de maio.

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