Das 350 cadeiras em disputa na eleição parlamentar da Espanha no dia 28 de abril, a soma dos votos de diferentes partidos de esquerda (PSOE, Unidas – Podemos e partidos regionais) foi majoritária, o que lhes dará em torno de 180 posições no parlamento. O grande derrotado foi o Partido Popular (PP) que com 66 deputados eleitos perdeu metade dos deputados que tinha (134). Isso se deveu ao seu envolvimento em corrupção que lhe rendera o voto de desconfiança em 2018, afastando-o da Presidência do governo e dando lugar ao PSOE, e porque sua ala de extrema direita criou o partido VOX, que ingressou no Parlamento pela primeira vez com 24 deputados.

No entanto, o desafio para o líder do PSOE, Pedro Sanchez, é compor um governo com a maioria de esquerda que foi alcançada, com no mínimo 176 deputados (50% + 1). O líder da coalizão da Izquierda Unida com o Podemos (Unidas – Podemos), Pablo Iglesias, sinalizou a disposição de participar do governo, mas a maior dificuldade estaria em trazer partidos regionais para a coalizão.

Foi o voto dos partidos regionais que possibilitou a maioria parlamentar para afastar o PP do governo no ano passado, mas foi também o voto contrário destes mesmos partidos ao orçamento que o PSOE havia apresentado que obrigou o presidente Pedro Sanchez a antecipar as eleições para este ano. Considerando ainda que alguns dos atuais 11 políticos catalães que estão presos devido ao seu envolvimento na campanha pela independência da Catalunha foram agora eleitos deputados, o tema da autonomia das regiões deverá esquentar nas negociações, embora Pedro Sanchez tenha dito na campanha eleitoral que “não é não” em relação à realização de um plebiscito sobre a independência da Catalunha.

 

Créditos: PSOE – 29/4/2019

O líder Pedro Sanchez, em encontro do PSOE, ontem

 

Por outro lado, uma preocupação que permeia setores da esquerda e que muitos do PSOE também se opõem, seria a possibilidade de uma composição deste com o partido Ciudadanos, que cresceu nesta eleição de 32 para 57 deputados, o que somado aos deputados do PSOE seriam suficientes para formar um governo de maioria. No entanto, joga contra esta possibilidade o fato de o Ciudadanos ter aprovado recentemente uma coalizão com o PP e o VOX na Andaluzia que derrubou o PSOE, que dirigia o governo daquela região por mais de 20 anos.

A ver como o processo evolui nos próximos dias.

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