É uma coprodução uruguaia, espanhola, francesa e argentina de 2018, dirigida por Álvaro Brechner. Esteve no circuito de cinema do Brasil no ano passado e agora está disponível na Netflix.

Durante a ditadura militar uruguaia de 1973 a 1985 que foi enfrentada por militantes armados, principalmente do grupo Tupamaros, hoje integrado à vida política institucional do país como um dos setores da Frente Ampla, o Movimento Popular de Participação (MPP), os militares prenderam nove de seus integrantes e os transformaram em reféns ameaçados de serem assassinados caso as ações dos do grupo guerrilheiro prosseguissem. O filme retrata a história de três deles: Pepe Mujica, Mauricio Rosencof e Fernández Huidobre.

Todos foram presos durante diferentes circunstâncias sem saberem um do outro e mantidos incomunicáveis às vezes na mesma prisão ou em prisões diferentes. O filme mostra como sobrevivem sob este sofrimento da tortura física e psicológica e às constantes ameaças de morte, não em celas comuns, mas enfiados em poços ou silos. Destacam-se a luta para manter a lucidez, bem como a importância das pequenas conquistas como a comunicação entre eles por sons na parede por meio de um código que eles mesmos criaram e as poucas oportunidades de conseguir alguma facilidade dos carcereiros como a obtida por Mauricio ao redigir cartas de amor de um deles para a mulher que ele buscava conquistar.

É um belo filme que demonstra a capacidade do ser humano submetido a provações extremas e que apesar da brutalidade e radicalismo da direita, é possível enfrentá-la e vencer. Os três reféns do filme quando saem da prisão, após doze anos, tornam-se figuras importantes da vida política uruguaia. Mujica tornou-se ministro e depois presidente do país. Fernández, já falecido, foi seu ministro da Defesa e Mauricio foi secretário da Cultura de Montevidéu.

É um filme muito adequado para nos inspirar nos tempos bicudos em que vivemos hoje.

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