Projeto de Moro não convence ninguém
Bolsonaro se elegeu defendendo porte de armas, “permissão” para policiais e militares matarem e recrudescimento penal. O ministro Sérgio Moro fez disso uma das agendas principais de seu ministério e entregou no início deste ano um projeto de lei, denominado “anti-crime”.
Prontamente, recebeu críticas de movimentos sociais, entidades e associações especializadas no tema Segurança Pública. Depois, o próprio presidente da Câmara, Rodrigo Maia, desdenhou o projeto do ex-juiz dizendo primeiro que a pauta não era prioridade para a Casa (que deveria se concentrar na reforma da Previdência)e, depois, que um outro projeto, o de Alexandre de Moraes, estaria mais adequado para as necessidades do país.
Nesta semana, o Instituto DataFolha divulgou uma pesquisa que afirma que as principais propostas do governo Jair Bolsonaro para a segurança pública não contam com apoio da população. Eis os principais resultados: 81% avaliam que a polícia não pode ter liberdade para atirar em suspeitos porque pode atingir inocentes; 79% acreditam que policiais que matam devem ser investigados;
82% acham que quem atira em alguém por estar muito nervoso deve ser punido.
Em consonância com os principais especialistas do tema, a população não acredita que dar liberdade para a polícia apertar o gatilho resolva o problema da segurança. Importante destacar que o campo da pesquisa foi feito antes do escandaloso caso do músico Evaldo Rosa dos Santos, de 46 anos, que morreu após ser alvejado por militares do Exército com disparos de 80 tiros.
Com relação ao encarceramento, as opiniões ainda estão divididas: para 54% dos brasileiros, quanto mais pessoas presas, mais segura estará a sociedade. Outros 42% discordam. Por outro lado, 62% concordam que, quanto mais criminosos nos presídios, mais as facções se fortalecem.
Além disso, para 64% da população a posse de armas deve ser proibida, e a sociedade não fica mais segura com pessoas armadas para se proteger (72%). A ideia de que a posse de armas deveria ser proibida porque representa ameaça à vida de outras pessoas é especialmente alta entre mulheres jovens de 16 a 24 anos pessoas com renda de até 2 salários mínimos.
Sergio Moro ainda se beneficia da popularidade que lhe foi atribuída pela mídia tradicional no processo contra o ex-presidente Lula. É considerado ótimo ou bom por 59% dos brasileiros, e 93% da população dizem que o conhecem e aprovam seu desempenho na pasta. A alta aprovação não é contraditória com a percepção geral sobre o tema de segurança pública, tendo em vista que 62% da população desconhecem seu projeto de lei e as políticas que ele defende para o país.