O presidente Jair Bolsonaro demitiu em 8 de abril o ministro da Educação, Ricardo Velez, e nomeou Abraham Weintraub para a pasta. Foi a segunda baixa no primeiro escalão do ministério de Bolsonaro em menos de cem dias. A primeira foi Gustavo Bebianno, da Secretaria-Geral da Presidência, em fevereiro, após se envolver em disputas e ser chamado de mentiroso pelo filho do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro.

O novo ministro era secretário-executivo da Casa Civil, a convite de Lorenzoni, e havia atuado na equipe de transição do governo de Bolsonaro na área de previdência, junto com o irmão, Arthur Weintraub, atual chefe da assessoria especial da Presidência da República.
Abraham Weintraub é formado em ciências econômicas pela Universidade de São Paulo, mestre em administração na área de finanças pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Trabalhou no mercado financeiro, no Banco Votorantim por dezoito anos e foi sócio na Quest Investimentos. É adepto das teorias de Olavo de Carvalho, contra o “marxismo cultural” nas escolas. Em 2014, apoiou a campanha presidencial de Marina Silva.

Sua primeira tarefa é debelar a crise gerada por Velez, entre os seguidores do ideólogo do governo Olavo de Carvalho e a ala dos militares, na pasta da Educação, a segunda com maior orçamento, de 115 bilhões de reais. Em pouco mais de três meses, Velez provou sua incapacidade de gerenciar o ministério, que sofreu baixa de quinze cargos importantes.

Durante sua curta gestão envolveu-se em diversas polêmicas, entre elas a defesa pública da revisão de livros didáticos de história para recontar o golpe de 64; negou a ideia de universidade para todos, defendendo que estas universidades deveriam ser reservadas a uma elite intelectual; enviou carta às escolas pedindo que os estudantes fossem filmados cantando o hino nacional, mas voltou atrás; publicou editais com erros que tiveram de ser anulados; e deixou para trás ações importantes como a impressão das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), cuja gráfica responsável faliu, e os problemas no ingresso de estudantes financiados pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) na faculdade.

A saída de Velez é um alívio para a área de Educação, mas o novo ministro é totalmente desconhecido na área e não tem experiência em gestão. Sua especialidade é no mercado financeiro e em previdência. Costuma tratar seus opositores como inimigos e prega a bandeira ideológica e conservadora do governo Bolsonaro. Dentro do MEC, espera-se o retorno de parte dos demitidos nas últimas semanas por Ricardo Vélez.

O Ministério da Educação tem urgência em romper a paralisia na pasta, encontrar solução para impressão do Enem, definir uma agenda na área de Educação Básica e a aproximação de áreas como ciência e tecnologia. Mais do que um ideólogo antimarxista e defensor dos planos do governo para a área, o que o ministério precisa é de alguém com experiência na área educacional, com objetivo de romper o desmonte que esse governo promove com a desvinculação da educação do Orçamento da União e não de alguém que diga que “o Brasil não precisa aumentar seus gastos em educação.” Não se vislumbram um futuro possível e um MEC razoável no governo Bolsonaro.

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