Governo britânico ‘sem saída’ para o Brexit
Quase três anos após o plebiscito que disse sim para a saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit é uma saga com um desfecho ainda desconhecido. Após a prorrogação do prazo final, que era dia 29 de março, para que um acordo fosse feito entre as partes, várias votações passaram pelo Parlamento britânico nas últimas semanas, das quais os únicos resultados foram novas recusas do acordo forjado pela atual primeira-ministra, Theresa May, do Partido Conservador, bem como de algumas alternativas.
May assumiu o cargo logo após a renúncia de David Cameron, que era contra o Brexit, mas que perdeu sua posição no plebiscito. A principal missão de May, seria acertar as questões para a saída. Desde então houve vários reveses, como o encolhimento do Partido Conservador nas eleições gerais de 2017 chamadas pela primeira-ministra e as divergências dentro do seu próprio partido, onde uma ala defende uma saída radical, sem acordo nenhum, e outra que argumenta a favor de uma saída mais suave, na qual May se filia. Os embates entre estas levaram a demissão de vários integrantes do governo, como o ex-ministro das Relações Exteriores, Boris Johnson, e o ex-secretário para o Brexit, David Davis.
No começo deste ano, May conseguiu forjar um acordo com seu gabinete, que foi aprovado pela União Europeia, porém rejeitado pelo Parlamento britânico. O acordo foi para a votação uma segunda vez, onde também foi rejeitado. Posteriormente, no dia 22 de março, a primeira-ministra conseguiu, junto ao bloco europeu, uma prorrogação do prazo para a saída. Ficaram duas possibilidades. A primeira seria o Parlamento aprovar o acordo na terceira tentativa e assim o prazo para saída seria dia 22 de maio. A segunda seria o Parlamento rejeitar novamente o acordo e com isso o Reino Unido teria até 12 de abril para decidir se faria um novo plebiscito ou pediria nova prorrogação.
A segunda possibilidade tornou-se real no dia 29 de março, quando o Parlamento rejeitou novamente o acordo de May. A votação ocorreu dois dias após o Parlamento ter rejeitado oito outras propostas referentes ao Brexit, como por exemplo uma saída sem acordo ou a interrupção do processo. Na ocasião, May chegou a afirmar que se o acordo dela fosse aceito ela renunciaria ao cargo de primeira-ministra. E ambas aconteceram após o final de semana que teve uma manifestação gigantesca contra o Brexit e a favor de um novo plebiscito, que reuniu mais de um milhão de pessoas em Londres, no dia 23.
No dia 1º de abril, novas votações sobre opções para o Brexit foram realizadas e, mais uma vez, todas rejeitadas. May declarou que irá pedir nova prorrogação de prazo para a União Europeia, mas o atual presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, respondeu que os britânicos não terão mais adiamentos. No meio desse imbróglio, May enfrentou mais duas demissões no seu governo, do ministro do País de Gales, Nigel Adams, e do secretário para o Brexit, Chris Heaton-Harris.
A questão do Brexit divide a sociedade britânica. O Parlamento está estagnado, sem nenhuma resposta. May está no último lugar que qualquer parlamentar gostaria de estar e aparentemente ninguém quer tomar para si a responsabilidade da saída e suas consequências. A saga continua, por tempo indeterminado.