Apresentação

Com esta edição do Boletim de Análise da Conjuntura, o governo federal completa três meses sem ter apresentado nenhuma medida para diminuir os agudos problemas sociais dos quais a população padece. Ao contrário, tomou iniciativas para aumentar os negócios do mercado financeiro às custas dos direitos sociais. E vem afundando o país em uma subserviência inédita à política exterior dos Estados Unidos, ao mesmo tempo que tenta reforçar a construção de um estado policial contra os pobres e os que resistem a suas políticas.

Na sexta-feira, 22 de março, veio a primeira resposta massiva. Grandes manifestações cobriram boa parte do país contra a destruição que o governo Bolsonaro pretende impor à Previdência Social. Na mesma semana, a articulação política do governo fraquejava no Congresso Nacional e publicava-se nova pesquisa que mostra queda do apoio na opinião pública. O regime que a extrema-direita quer impor não demostra capacidade hegemônica.

Nesse cenário, o boletim trata, na parte Internacional, da visita de Bolsonaro aos Estados Unidos e da criação do ProSur. A seção  Estado informa que o governo realizou no mês de março o primeiro grande leilão na área de infraestrutura e analisa a venda de doze aeroportos das regiões Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste do país por 2,377 bilhões de reais. O certame foi marcado pela subvalorização dos aeroportos ofertados e pela ampliação da entrada de empresas estrangeiras – incluídas estatais estrangeiras no setor aeroportuário brasileiro.

Em Política e Opinião Pública é apresentada a composição das Comissões Permanentes na Câmara dos Deputados e são analisadas as principais pesquisas de opinião pública divulgadas no período, que evidenciam a queda na avaliação positiva do governo.

Na cobertura do Judiciário o tema central é a atuação da turma de Sérgio Moro na conjuntura política brasileira. O grupo criado na Operação Lava Jato encontrou limites institucionais no Supremo Tribunal Federal (STF) e na Câmara dos Deputados. Em matéria de Segurança Pública, o assassinato da vereadora do Psol Marielle Franco evidenciou a falência do sistema de segurança pública fluminense, tomado pelo tráfico, milícias e pela intervenção federal. Um ano após, continua sem resposta a pergunta “quem mandou matar Marielle?”

A seção Social apresenta os últimos dados sobre o mercado de trabalho, que mostram como a alta desocupação e o crescimento da informalidade têm afetado fortemente as famílias brasileiras, com destaque para o aumento da desocupação nos grandes centros. No tema da Previdência Social, mostra-se que o maior problema é a falta de renda e de emprego, além do fato de a proposta de reforma apresentada pelo governo (dos sistemas civil e militar) ampliar desigualdades sociais.

Em Economia, analisam-se os primeiros indicadores econômicos do Brasil já sob o governo de Jair Bolsonaro. Frustrando as expectativas otimistas que prevaleciam no mercado ao final de 2018, a economia brasileira demonstra uma clara tendência de desaceleração neste início de ano.

A seção Territorial  traz estudo sobre a vinculação de trabalhadores a sindicatos, mostrando como o golpe de 2016 e o governo de Temer afetaram negativamente o número total de sindicalizados e a taxa de sindicalização, que são indicadores importantes da deterioração da democracia no Brasil.

Na cobertura sobre Comunicação, analisam-se a imagem de Jair Bolsonaro fora do Brasil a partir das principais reportagens publicadas na imprensa estrangeira e o posicionamento dos jornais tradicionais em relação aos recentes conflitos entre o Supremo Tribunal Federal e a República de Curitiba. Em redes sociais, o foco é a tática de Bolsonaro e sua duvidosa eficácia.

Em Movimentos Sociais, o tema principal são as centrais sindicais, que buscam ampliar o leque de apoios contra as propostas de mudança na Previdência. Contam com os movimentos sociais para construir uma greve geral. Uma vitória contra o projeto de governo pode significar mais fôlego frente às pesadas baixas sofridas desde o golpe de 2016.

Finaliza este Boletim a nova seção Periferias, que expõe algumas conclusões de uma pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo sobre a realidade da vida de quem está na informalidade do mercado de trabalho e revela os desafios para a organização política destes trabalhadores.

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