A principal unidade de saúde do país de acolhimento e acompanhamento dos indígenas que passam por tratamento de saúde, Casa de Saúde Indígena (Casai), em Brasília, teve os 100% de seus repasses financeiros suspensos desde janeiro. No país, mais de treze mil funcionários estão sem receber desde então. Os locais de atendimento que ainda funcionam dependem da ida voluntária dos funcionários com salários atrasados e de fornecimento de alimentação de conveniadas, que continuam prestando o serviço mesmo sem receber seus pagamentos.

Assim como outras unidades do país, a Casai de Brasília, quando não consegue realocar os indígenas para outras unidades de saúde pública, está devolvendo os pacientes às suas aldeias sem o tratamento devido. Na última semana ainda a unidade ainda tinha 54 indígenas, a maioria das etnias Xavante e Yanomami. Em janeiro e fevereiro foram atendidos/acolhidos na unidade 111 pacientes e 165 acompanhantes. A “economia” com o não pagamento da alimentação na unidade não passa de70 mil reais por mês.

Uma das propostas do atual ministro da saúde, Luiz Mandetta (DEM-MS), que já integrou a bancada ruralista, é deixar o atendimento desta população a cargo dos municípios e dos estados. Isso impõe mais um desafio aos indígenas: as aldeias não costumam estar próximas ao centro das cidades, o que, somado às péssimas condições de transporte público no país, em geral, dificultará muito o acesso dos indígenas doentes ao atendimento de saúde. Esta proposta do novo governo se soma às demais de pressão sobre as terras e cultura indígena. O povo indígena parece estar sendo atacado politicamente de todas as formas possíveis.

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