Em tempos de fake news e de desinformação, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) lançou um interessante guia que explica em passos simples como interpretar a taxa de desemprego, suas potencialidades e limites.

O manual mostra como a taxa de desemprego é calculada, seus critérios, as medições geográficas, etárias, o período de referência e as diferentes metodologias. E discute também alguns limites do indicador, como não mostrar a subutilização da força de trabalho, não dar informações sobre pessoas fora da força de trabalho ou sobre a qualidade do emprego, não dar informações sobre os desempregados ou sobre a natureza do desemprego e não dar informação sobre a participação em outras formas de trabalho.

Por exemplo, a publicação problematiza que o desemprego em geral é visto como negativo, enquanto baixas taxas de desemprego são vistas como positivas, bem como taxas de desemprego em queda. Porém, tais indicadores podem mascarar situações socioeconômicas muito diferentes, como uma queda do desemprego por desistência em buscar emprego (o que, diga-se de passagem, tem sido o caso do Brasil).
Por outro lado, altas taxas de desemprego em geral são vistas como negativas, mas podem refletir uma robusta infraestrutura para a busca de emprego (como seguro-desemprego ou um sistema de alocação de mão de obra eficiente), que permite que os desempregados procurem uma ocupação sem urgência. Portanto, apesar de importantíssimo e um dos principais indicadores do mercado de trabalho, é preciso ir além das taxas de desemprego para interpretar a situação do mercado de trabalho, segundo a publicação.

É importante lembrar que em novembro de 2018 Jair Bolsonaro atacou as estatísticas de emprego formuladas pelo IBGE, que justamente seguem a metodologia internacional e os parâmetros da OIT, gerando inclusive uma dura resposta da instituição. Talvez a OIT deva encaminhar o manual ao presidente.

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