Entre dezembro de 2018 e fevereiro de 2019 cerca de quinhentos milhões de abelhas de criadouros morreram nos estados do Rio Grande do Sul (quatrocentos milhões), Santa Catarina (cinquenta milhões), Mato Grosso do Sul (45 milhões) e São Paulo (sete milhões) em consequência do uso indiscriminado de agrotóxicos. Além do prejuízo financeiro aos apicultores e à saúde da população (os agrotóxicos deixam resíduos no mel), a alimentação do país pode ser severamente afetada a médio prazo.

São apontados como responsáveis por tal matança, após análises laboratoriais, os agrotóxicos à base de Fipronil e neonicotinoides, ambos proibidos em vários países e na Europa como um todo. Utilizados principalmente no cultivo da soja, mas também em culturas de milho, arroz, batata, cana de açúcar, entre outros, tais agrotóxicos também são utilizados, para economizar diesel e mão de obra, em períodos contra-indicados, como na floração, período em que as abelhas coletam néctar contaminado e retornam às colmeias, causando a mortandade, em geral, de todo apiário.

Estes agrotóxicos já causaram muitos prejuízos em países como África do Sul e em vários da Europa. Em 2017, o uso ilegal do produto por uma empresa belga para desinfecção de granjas causou o que ficou conhecido como “Escândalo Fipronil 2017”, quando milhões de ovos foram contaminados. Ao todo, 17 países foram atingidos e os ovos precisaram ser retirados das gôndolas dos supermercados. Atualmente, na Alemanha, motivados pela conscientização ambiental, muitos jovens estão praticando o hobby de criar abelhas, mesmo quando estas não geram mel.

As populações de abelhas têm um papel central na polinização de colheitas. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), 75% dos cultivos destinados à alimentação humana no mundo dependem destes animais. Sua extinção pode colocar em risco inclusive a vida humana. No século passado, Albert Einstein afirmou que se as abelhas fossem extintas, o homem teria apenas mais quatro anos de vida.

E o Brasil demonstra, infelizmente, estar caminhando a passos mais largos na matança de abelhas e nas outras consequências danosas dos pesticidas químicos. Desde janeiro já foram liberados para uso 74 novos agrotóxicos, muitos deles proibidos em outros países.

 

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