Relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), “A quantum leap for gender equality”, disponível aqui, discute no mês das mulheres, os desafios para atingir a igualdade de gênero no mundo.

O documento relembra que cem anos atrás – em 1919 – a OIT adotou a primeira convenção sobre mulheres e trabalho. Apesar dos muitos avanços da agenda de igualdade de gênero desde então, a redução das desigualdades perdeu velocidade nos últimos vinte anos e em alguns casos está sendo revertida, segundo a publicação. A diferença salarial entre homens e mulheres ainda é de 18,8% no mundo, segundo dados da Organização. As razões deste gap são muitas, mas ponto fundamental é o importante papel das mulheres na realização de trabalho doméstico não pago: as mulheres carregam nos ombros o peso do mundo, o peso da reprodução da vida.

Isto, porém, não é uma predestinação biológica, mas um arranjo social que relegou às mulheres este papel. Mas isto não é facilmente rompido: nos dados do relatório, chama a atenção o fato de que mais acesso à escolaridade, em si, não é capaz de quebrar as barreiras para as mulheres no mercado de trabalho: enquanto 41,5% das mulheres com educação superior estão fora da força de trabalho em todo o mundo, este só é o caso de 17,2% dos homens com o mesmo grau de escolaridade.

Segundo a publicação, o trabalho doméstico não pago é a maior razão pela qual as mulheres estão fora do mercado de trabalho: em todo o mundo, 606 milhões de mulheres em idade ativa (ou 21,7% das mulheres em idade ativa) estão ocupadas em tempo completo com atividades de cuidado não remuneradas, o que é o caso de somente 41 milhões de homens (ou 1,5% dos homens em idade ativa).

O relatório aponta para a necessidade de criar arranjos que dividam a realização dos trabalhos de cuidado não pagos, reconhecendo o valor do mesmo para a organização social. Além disso, os desafios do aumento da migração, envelhecimento da população e redução das taxas de natalidade se somam aos desafios do novo cenário global e colocam outras demandas para a ação solidária, além do combate à violência de gênero, assédio e discriminação.

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