A proposta de mexer nas aposentadorias apresentada por Bolsonaro e seu ministro Paulo Guedes quer mesmo é tirar dinheiro do povo para dar de presente para os donos dos bancos, para os especuladores, executivos de fundos e para os ricos em geral, incluindo os grandes acionistas dessas instituições financeiras.

Esse é o resumo das declarações dadas por dirigentes de centrais sindicais e de sindicatos que se reuniram na manhã desta quarta, dia 20, na Praça da Sé, para realizar o primeiro ato unificado de mais uma prometida temporada de luta contra a retirada de direitos de trabalhadores e trabalhadoras da ativa e aposentados.

Tanto nos discursos proferidos sobre o carro de som e nas entrevistas à imprensa, destacou-se também os recentes escândalos que rondam o governo e a ficha profissional do maior defensor da reforma, o ministro Paulo Guedes. Banqueiro e gestor de fundos privados de previdência de carreira, Guedes equivale a uma “raposa cuidando de um galinheiro”, na definição do presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Adilson Araújo.

Créditos: Roberto Parizotti/CUT

 

O sindicalista refere-se a uma das propostas da reforma do atual governo, que é implementar fundos complementares para quem quiser se aposentar no futuro, modelo que seria gerido por bancos e outras instituições financeiras.

Vagner Freitas, presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores) comentou se o desafio de mobilizar a população para barrar o projeto é maior diante do aparente cenário de apatia e desalento. “Se uma parte das pessoas está desanimada, temos de conversar com elas, ir aos locais de trabalho, fazer reuniões nas comunidades, mostrar que existem outras possibilidades. Que não devemos aceitar que retirem o pouco que se tem e que é possível incluir mais pessoas nas aposentadorias futuras, mesmo quem hoje acha que não vai conseguir se aposentar de jeito nenhum”.

Adilson, presidente da CTB, também afirmou que o movimento sindical e os movimentos populares que se somarem a essa batalha devem explorar tanto quanto puderem os desvios cometidos pelos governos e o Estado brasileiro e a sonegação dos mais ricos. “O trabalhador paga a Previdência, o empresário sonega e o governo desvia o dinheiro” disse. “Vamos mostrar os dados reais para as pessoas”. Segundo documento divulgado pelas centrais aproximadamente R$ 300 bilhões deixam de entrar nos cofres todo o ano por causa de sonegação e R$ 110 bilhões são desviados por manobras contábeis do governo. Aas dívidas de empresas com a Previdência, por outro lado, somam R$ 450 bilhões.

Na Assembleia Nacional da Classe Trabalhadora em Defesa da Previdência e Contra o Fim da Aposentadoria, como foi batizado o encontro desta quarta na Praça da Sé, compareceram delegações de trabalhadores municipais da capital paulista, que completam duas semanas em greve pela revogação do projeto de mudança na previdência dos servidores do município, que o prefeito Bruno Covas conseguiu aprovar.

Movimentos de luta por moradia, estudantis e de mulheres também compareceram ao ato em São Paulo. Houve mobilizações em outras cidades do país.

O representante da Intersindical, Edson Carneiro Índio, destacou em entrevista que é preciso lembrar para a população as injustiças que são cometidas para favorecer os mais ricos. Na opinião dele, é preciso mostrar a isenção de impostos, por exemplo, como privilégios que são dados a quem menos precisa. “É preciso deixar claro que não é a Previdência o problema. E que a reforma não ajudará a economia a crescer, pelo contrário”.

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