Em tempos de ataques aos direitos dos LGBT’s e àqueles que enfrentam os papéis de gênero impostos pela nossa sociedade no Brasil, o que pode ser ilustrado pela eleição de Jair Bolsonaro e também, de maneira mais caricatural, por sua ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, destaca-se no mundo virtual, bem como na plataforma de streaming Netflix, séries que possuem como protagonistas as drag queens.

A mais famosa dessas série e a que deixou o mundo drag mais popular é a RuPaul’s Drag Race, comandada pela aclamada RuPaul. No show, que está disponível na Netflix e já conta com 10 temporadas, drags de todos os lugares dos Estados Unidos competem em provas que testam a criatividade, humor e a capacidade de atuar de cada uma. No último episódio, as finalistas batalham entre si no lip sync (dublagem de música) e quem é coroada ganha prêmio em dinheiro e a honra de ser vista como a próxima estrela drag.

Os episódios são repletos de humor e de momentos de shades (quando se faz um comentário maldoso contra alguém) mas, além disso, discute-se a aceitação da sociedade frente às drags e também das próprias drags consigo mesmas. O lema final de cada episódio é “se você não consegue amar você mesmo, como você vai amar outra pessoa?” e são várias as histórias que as participantes contam sobre como sofreram preconceito e o quão difícil foi chegar ali.

As drags mostram que qualquer pessoa pode usar maquiagem pesada, cabelo longo e salto alto e, mais do que isso, rompem totalmente com os papéis de gênero que são impostos pela sociedade. Mostram que quem nasceu com o sexo masculino pode usar as mesmas roupas e acessórios de quem nasceu com o sexo feminino, e vice-versa. Muitas vão além de performar uma feminilidade extrema e utilizam maquiagens e perucas para se expressar de maneira artística, atingindo o surreal. Em um país onde uma ministra diz que “meninos vestem azul e meninas vestem rosa”, a lição dada pelo mundo drag é mais do que essencial.

RuPaul’s Drag Race
onde: Netflix

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