Seguindo a linha orientadora de Olavo de Carvalho e seus seguidores, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, fez sua primeira visita internacional bilateral a outro estado no dia 5 de fevereiro. O destino escolhido foi os Estados Unidos, e este não poderia ser outro levando em consideração a admiração que Araújo possui pelo presidente daquele país, Donald Trump.

O ministro, assim como outras pessoas importantes ligadas à política externa, como o atual assessor internacional do governo, Filipe Martins, e o próprio filho de Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, que também visitou os Estados Unidos no final de 2018 onde foi fotografado com um boné de Trump, pretendem relegar ao Brasil o papel no cenário internacional de coadjuvante do governo estadunidense. Suas propostas e também a sua ideologia, inspiradas nas opiniões de Olavo de Carvalho, pretendem uma aproximação com aquele país, bem como apoiar os posicionamentos de Trump em questões internacionais. Esse foi o caso, por exemplo, do anúncio de mudar a embaixada brasileira para Jerusalém, o que não tem outros motivos a não ser acompanhar o que os Estados Unidos fizeram e agradar aos fundamentalistas religiosos de lá e daqui.

Entretanto, esse projeto de política externa, que é centrado nas relações preferenciais com os Estados Unidos e com alguns outros países, como Israel, não parece estar agradando a outros grupos de interesse do governo, como os militares. O vice-presidente, Hamilton Mourão, descartou uma possível mudança da embaixada brasileira para Jerusalém, criticou o chanceler e debochou de Olavo de Carvalho. A assinatura por Ernesto Araújo de um documento que propõe cancelar a cooperação militar entre a Venezuela e o Brasil, sem consulta prévia aos militares, também teria irritado estes últimos. Como consequência, agora o ministério das Relações Exteriores e os passos do ministro estariam sendo acompanhados mais de perto pelos militares.

Em sua visita aos Estados Unidos, onde se encontrou com o secretário de Estado Mike Pompeo e com o assessor de segurança nacional da Casa Branca, John Bolton, Ernesto Araújo discutiu a visita de Bolsonaro prevista para março ao país e também falou sobre a questão da Venezuela, onde atualmente o golpista Juan Guaidó se declarou presidente com o apoio do governo estadunidense. Após várias ações de hostilização ao nosso país vizinho, o cancelamento da cooperação militar, Ernesto Araújo aparenta ter se moderado um pouco e disse que, no encontro, não foram discutidas novas sanções ao país, nem opção de intervenção militar, embora em twitter posterior tenha condenado com veemência a iniciativa do Uruguai, México e alguns países europeus de tentarem intermediar uma solução política e pacífica para os problemas venezuelanos.

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