Educadores apontam riscos de ‘métodos milagrosos’ de alfabetizar
A Associação Brasileira de Alfabetização liderou um processo de construção de uma carta ao Ministério da Educação, em que se coloca à disposição do ministro da Educação para discussão sobre uma política de alfabetização no país que seja plural, abrangente e robusta.
Segundo a carta, há uma ideia difundida no Brasil de que a alfabetização não avança, o que seria, segundo os autores, equivocado: “do final do século XIX até as primeiras décadas do século XXI passamos de 17,7% de alfabetizados (primeiro censo de 1872, sem computar a população escrava) para 93% da população com 15 anos ou mais de idade”. A carta aponta que, para a mudança destes dados, foi importante “a melhoria das condições de vida e a diminuição da pobreza, aliadas ao aumento do tempo de escolarização e à mudança dos níveis de escolarização de cada geração familiar”. Também destaca-se a presença do Estado (nas políticas públicas, na qualificação dos professores no acesso a materiais didáticos e no avanço das ciências que embasam as ações pedagógicas).
Apesar de não citarem diretamente a adoção do método fônico de alfabetização por parte do Ministério, considerado por muitos educadores como ultrapassado, as entidades que assinam a carta destacam que “a história da pedagogia nos mostra que cada vez que um “método milagroso” foi anunciado, na mesma proporção, ocorreu a negação do acúmulo prático e teórico que permitia ver os limites e possibilidades de cada um deles. O retorno a uma única metodologia, aplicada em algum contexto específico, não respeita evidências históricas de seu relativo sucesso para alguns e relativo fracasso para outros, em dada época. Por esse motivo, a Constituição Federal, no seu inciso III, art. 206, sabiamente, determina que o ensino será ministrado com base no pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas”. A carta complementa, ainda, que “a disputa entre concepções e métodos não pode obscurecer a finalidade de alcançarmos, por todos os meios, os sujeitos e grupos que têm direito de se alfabetizar”.
Para apoiar a carta, pode-se assiná-la aqui