Na contramão do governo brasileiro, que em janeiro liberou o registro de mais agrotóxicos, países como Inglaterra e Suíça estão plantando extensas faixas de flores e plantas silvestres nas lavouras para atrair os predadores naturais das pragas, o que diminui o uso de agrotóxicos e aumenta a produtividade.

A prática vem sendo também aplicada em áreas agrícolas de grandes dimensões e consiste na plantação de faixas de flores e plantas silvestres em volta dos campos, distribuídas a cada cem metros, com aproximadamente seis metros de largura. Desta forma, os predadores naturais, como escaravelhos, moscas das flores e vespas são capazes de alcançar o centro de grandes cultivos. Muitas espécies utilizadas na Europa também estão presentes no Brasil, como a Margarida, Crisântemo, Trevo-roxo, Cenoura-brava, Coentro, Trigo-sarraceno e Erva-doce. Nas experiências inglesas, as flores não ocupam mais do que 2% da área total plantada.

Segundo Bill Parker, diretor da ONG inglesa Agriculture and Horticulture Development Board (AHDB), é essencial que haja uma “enorme mudança cultural” na agricultura, pois, geralmente, usam-se pesticidas quer se identifiquem pragas ou não. Ele ainda critica: “A maioria do aconselhamento sobre proteção de culturas prestado no Reino Unido provém de agrônomos ligados a empresas que lucram com a venda de pesticidas”. No Brasil, isso não é diferente.

Os dados do Censo Agropecuário de 2017/IBGE mostraram que o número de estabelecimentos agropecuários que utilizam agrotóxicos em sua produção aumentou 20,4% em 11 anos. No Brasil, estão liberados agrotóxicos proibidos em diversos outros países, e, apesar de felizes experiências agrícolas de Movimentos como o MST, que se tornou o maior produtor orgânico do país, o Brasil já se tornou o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Experiências externas e internas indicando outros caminhos não faltam.

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