Na terça-feira, 15 de janeiro, o Parlamento britânico rejeitou o acordo negociado pela primeira-ministra Theresa May, do Partido Conservador, com a Comissão Europeia para a saída do Reino Unido da União Europeia, o chamado Brexit. Após a grande derrota de 432 votos contra 202, a oposição liderada pelo Partido Trabalhista de Jeremy Corbyn pediu voto de desconfiança contra May que entrou na pauta no dia seguinte, quarta-feira 16, o que poderia retirá-la do governo e convocar novas eleições. Porém, ela foi salva por uma margem de apenas dezenove votos e continuará a liderar o governo, apesar de estar mais enfraquecida.

A saga para realizar o Brexit começou em 2016, quando a população britânica votou a favor de sair da União Europeia em um referendo realizado pelo governo do então primeiro-ministro David Cameron. Ele era contra o Brexit, renunciou ao cargo e May o substituiu com a missão de concretizar um acordo. Entretanto, isso não tem sido fácil e vários obstáculos surgiram, como a derrota dos conservadores nas eleições gerais em 2017 e a demissão de sete integrantes de seu governo que discordavam de May e queriam um rompimento mais radical.

Vale lembrar, também, que o Brexit foi um dos movimentos no cenário internacional que representou a ascensão de certo conservadorismo e nacionalismo, sendo que um dos discursos que pautou o seu debate público foi o ataque aos imigrantes, por exemplo. E agora, ao que tudo indica, o Brexit está perdendo força e ideias que são contrárias às suas bases estão crescendo, sendo materializadas principalmente no Partido Trabalhista e em seu mais importante expoente atualmente, Corbyn. Após a vitória deste nas últimas eleições, ao passo que os conservadores e o Partido de Independência do Reino Unido, o de extrema direita Ukip, perderam terreno, houve manifestações que pediam novo referendo, bem como pesquisas apontam que hoje o Brexit seria rejeitado.

Com a sua permanência no cargo de primeira-ministra, May tentará renegociar alguns termos e apresentar novo acordo. Entretanto, o prazo é muito apertado, já que a saída está marcada para dia 29 de março deste ano e, se não conseguir um acordo aceito pela Comissão Europeia e pelo Parlamento britânico até lá, o Reino Unido será cortado da União Europeia imediatamente. Outras possibilidades, mais remotas, seriam negociar o adiamento do prazo, realizar um novo referendo sobre o Brexit ou, ainda, sobre alguns pontos do acordo que são mais polêmicos, como a fronteira entre a Irlanda e a Irlanda do Norte que é parte do Reino Unido e cenário de prolongado conflito entre católicos republicanos e protestantes favoráveis ao vínculo com a monarquia inglesa.

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