‘Uma noite de doze anos’ relembra ditadura uruguaia
Assistir ao filme Uma noite de 12 anos ajuda a compreender um pouco da ditadura militar uruguaia que deixou mais de 170 desaparecidos e cem mortos na prisão. Ocorrida entre 1973 e 1985, a ditadura do presidente Juan María Bordaberry, em conjunto com as forças armadas, fechou o parlamento, destituiu os partidos políticos e extinguiu a democracia representativa no Uruguai.
Assim como nos demais países da América do Sul, o processo ditatorial do período foi marcado por violações dos direitos humanos, utilização de tortura e prisão de seus opositores. O filme conta a história de cárcere de três opositores do regime autoritário, José Mujica (interpretado por Antonio de la Torre), que se tornou presidente do Uruguai em 2009, o jornalista Mauricio Rosencof (interpretado por Chino Darin) e Eleuterio Fernández Huidobro (interpretado por Alfonso Tort), ex-ministro de Defesa Nacional.
Os três personagens faziam parte do Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros (MLN-T), grupo guerrilheiro marxista-leninista de oposição à ditadura uruguaia. Entre as ações atribuídas aos tupamaros estavam à guerrilha urbana por meio de assaltos a bancos, lojas de armas e sequestro de políticos. O filme inicia com uma das ações armadas dos tupamaros, que acarretou enfrentamento dos militares e posteriormente a prisão Mujica, Mauricio e Eleuterio.
A maior parte do filme se passa no cárcere, ao apontar a verdadeira jornada de sobrevivência dos personagens, que foram torturados e confinados por doze anos, completamente fora da sociedade e sem saber se seriam soltos ou executados. Em tempos de Bolsonaro, que declarou apoiar a tortura ocorrida na ditadura brasileira de 1964, o filme se torna um bom exemplo da necessidade da luta pelos direitos humanos e pela preservação da democracia.
Onde assistir:
Em cartaz no Espaço Itaú de Cinema, em São Paulo/SP
Ou pelo Netflix: https://www.netflix.com/br/title/80185375