O longa metragem O Orgulho traz uma visão crítica sobre o quanto as universidades são hostis para os estudantes que não pertencem à elite intelectual e mostra que a perseverança e capacidade de adaptação desses alunos pode ajudar a construir uma nova realidade, dentro e fora da academia.

Ao chegar cinco minutos atrasada em seu primeiro dia de aula na Universidade Paris II, a estudante de direito de origem árabe Neïla Salah (Camélia Jordana) é humilhada pelo docente Pierre Mazard (Daniel Aueuil), que profere contra ela ofensas racistas. O episódio, registrado em vídeo, vai parar nas redes sociais e coloca o conselho diretor da universidade em uma saia justa em relação ao comportamento do professor.

Assim, Pierre faz uma espécie de “acordo” velado com a universidade, sem o conhecimento de Neïla, para sair-se bem na reunião que avaliará sua conduta e as acusações de racismo que recebeu. Ele aceita treinar a aluna em aulas particulares para que ela participe de um concurso de retórica que envolve várias instituições e no qual tradicionalmente só a elite se destaca. Com isso, a universidade espera também limpar sua imagem de espaço elitista.

A partir de uma frase emblemática que marcará para sempre a vida da futura advogada, “A verdade não importa, o que importa é convencer”, inicia-se uma relação que será construtiva tanto para a jovem moradora do gueto parisiense quanto para o professor esnobe e preconceituoso, que a prepara para a competição, em um trabalho voluntário, como forma de se redimir.

O filme mostra que a excelência não se conquista a partir de elogios, da condescendência e gentileza daqueles que sempre ocuparam postos de poder e cujo único objetivo é manter os moradores do gueto em seus respectivos territórios. Mas, uma vez conquistados por algumas pessoas, tais espaços podem ser muito importantes para a defesa dos que ainda permanecem excluídos.

Título: Le Brio (Original)
Produção: França (2017)
Direção: Ivan Attal
Elenco: Camélia Jordana, Daniel Auteuil, Yasin Houicha

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