Além de enfrentar baixos salários e condições adversas de trabalho, os professores e professoras brasileiros agora têm mais uma fonte de desvalorização: o Escola sem Partido, que os trata como inimigos da educação.

Fernando Abrucio no artigo “Escola sem sentido” defende que, nesta toada, será difícil recrutar docentes “capazes de exercer seu ofício com criatividade e paixão, elementos essenciais nessa profissão. Isso seria desastroso, pois cerca da metade dos professores da educação básica vai se aposentar até o início da próxima década, gerando uma enorme oportunidade para atrairmos jovens talentosos para lecionar”.

O autor também lembra que nenhum país com destaque em avaliações internacionais na educação se orienta por propostas nos termos do Escola Sem Partido. “A liberdade e a criatividade do professor, aliadas a um controle de seus resultados pedagógicos (o quanto conseguem melhorar o aprendizado dos alunos), aparecem como elementos importantes em casos de sucesso”. Para o autor, se o governo brasileiro apresentasse as ideias do Escola Sem Partido em fóruns internacionais seria ridicularizado.

O movimento já inspirou diversas iniciativas locais Brasil afora e tem incentivado pais de alunos a entrarem com processos contra professores. Apesar de preocupar seu avanço nas escolas públicas, nas escolas particulares é onde ele deve ter mais efeitos, ao menos como forma de pressão. Um caso recente ocorreu no tradicional colégio Santo Agostinho, de Belo Horizonte, que sofre um processo do Ministério Público de Minas Gerais por supostamente pregar a “ideologia de gênero”.

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