Líderes de Brasil, América Latina e Europa denunciam perseguição a Lula
Representantes de diferentes forças políticas e sociais do Brasil, América Latina e Europa participaram na noite desta segunda de um ato por justiça e liberdade para Lula no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo.
Há pouco mais de oito meses Lula foi preso sem provas e antes do trânsito em julgado de sua sentença. Mais do que isso, o processo foi conduzido pelo juiz que se abandonaria a toga para se tornar ministro da Justiça de um governo que só foi eleito graças à ausência de Lula no pleito, desrespeitando decisão liminar da Organização das Nações Unidas.
O ex-ministro da Educação de Lula, Fernando Haddad, que recebeu 47 milhões de votos na última eleição, fechou a noite e lembrou que hoje dia em que comemoramos 70 anos da Declaração dos Direitos Humanos, Jair Bolsonaro foi diplomado como presidente. E que isso só aconteceu porque Lula foi impedido de participar das eleições. E completou: “Hoje defender os direitos humanos, é lembrar que neste dia, Lula estaria sendo diplomado pela 3ª vez como presidente do Brasil”.
Haddad foi o portador da carta enviada por Lula que apesar de ter todos seus direitos violados, confirma seu compromisso com Direitos Humanos. “Oito meses atrás eu estava aí no Sindicato dos Metalúrgicos, cercado pelo carinho e solidariedade de milhares de companheiros e companheiras que não se conformavam com minha prisão arbitrária e injusta. Quero dizer que continuo com vocês e todos os dias penso no futuro do nosso povo”.
A presidenta do PT, senadora Gleisi Hoffmann, fez um resgate do legado de Lula para o Brasil e afirmou que ele é condenado porque ousou “sonhar com um Brasil melhor para todos”. Gleisi disse ainda que não existe símbolo mais forte da resistência do que Luiz Inácio Lula da Silva. “A defesa de Lula é a defesa do povo. E não haverá pacificação neste país enquanto Lula estiver preso. Lula livre!”.
Em nome dos diversos representantes da América Latina, Jorge Taiana, deputado do Parlamento do Mercosul e ex-ministro das Relações Exteriores da Argentina trouxe a solidariedade do povo argentino e ressaltou: “o Lula não está sozinho em Curitiba e vocês não estão sozinhos aqui. Estamos juntos para lutar por um homem que está injustamente privado de sua liberdade e pela democracia”.
O eurodeputado do Partido Comunista de Portugal João Pimenta também fez questão de trazer a solidariedade de seu país e se colocar ao lado dos brasileiros na luta por liberdade. “A luta do Brasil hoje é a luta pela justiça e para que não voltemos atrás. A luta de Lula é a nossa luta. O mundo se encontra num momento historicamente difícil e será a nossa luta que vai defender a democracia e a liberdade”. E a deputada portuguesa Isabel Moreira, do Partido Socialista, disse que “quando um homem enfrenta um processo político, todos estamos encarcerados com ele. E devemos denunciar isso, sob o risco de sermos cúmplices”.
Bordado de 100 metros
Bordadeiras do Coletivo Linhas do Horizonte de Minas Gerais e de São Paulo entregaram ao presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, um tapete bordado de 100m de comprimento para que Lula “volte para os braços de seu povo”.
Mais uma violação contra os direitos de Lula
E no dia mundial dos Direitos Humanos um novo abuso judicial fere mais uma vez os direitos de Lula. A juíza Carolina Lebbos, da 12ª Vara Federal de Curitiba negou autorização para a realização de visita da Comissão de Direitos Humanos do Senado na sede da PF em Curitiba para “verificar as condições físicas e psicológicas do ex-presidente”. Essa negativa viola as prerrogativas constitucionais do Senado. Em abril a juíza tomou a mesma decisão, que foi derrubada pelo ministro Edson Fachin, do STF.