O Partido dos Trabalhadores e a Fundação Perseu Abramo (FPA), com apoio do Comitê Internacional em Defesa de Lula e da Democracia no Brasil e da Secretaria de Relações Internacionais do PT, realizam nesta segunda e terça-feira, em São Paulo, a Conferência Internacional em Defesa da Democracia. A iniciativa faz parte da campanha em defesa do ex-presidente Lula.

A Conferência teve a abertura oficial feita pela presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e pelo presidente da FPA, Marcio Pochmann, que falou sobre os objetivos do evento: “tentar entender o caminho no qual estamos envolvidos, pois as bases do novo neoliberalismo têm intenção de enfraquecer a democracia, entender o momento da sociedade urbana industrial”.

Gleisi relembrou o último período, como a prisão injusta do ex-presidente Lula, a campanha suja na internet que elegeu Bolsonaro – que já fez várias declarações de ataque à democracia –, os assassinatos de lideranças do MST na Paraíba este fim de semana. “Movimentos iguais no mundo todo, há um movimento global, com guerras híbridas, a seletividade da Justiça que só pune pobres e pessoas ligadas aos partidos de esquerda e aos movimentos sociais. O PT é resistência para combater os retrocessos e precisa de ajuda internacional para a luta contra a onda de ultra-direita porque Bolsonaro é uma ameaça ao mundo, não só ao Brasil. Uma ameaça a tudo que construímos por uma ordem mundial inclusiva”.

Neste dia 10 de dezembro, quando os 70 anos da Declaração dos Direitos Humanos são comemorados, a primeira mesa “O Conservadorismo e a Extrema Direita no Mundo Atual” contou com as participações de João Pimenta, Jorge Taiana, Maria do Rosário e Nektarios Bougdanis e mediação de Artur Henrique.

João Pimenta, euro-deputado pelo Partido Comunista de Portugal, alertou que o cenário internacional é de incertezas, de crise do capitalismo e condições complexas com contornos violentos. “O fascismo é uma criação do capitalismo, não é uma fatalidade e nenhum país está livre de um Bolsonaro”, comentou.

Jorge Taiana, deputado Parlasul e ex-cancheler da Argentina, relembrou que a região buscou nos últimos anos construir democracias mais participativas porque sem elas era difícil avançar nas mudanças mais fundamentais. Nossa região foi a primeira a denunciar o neoliberalismo e vivemos em grande parte do mundo a onda neofascista porque o neoliberalismo acabou com políticas de bem-estar na Europa e muitas vezes o silêncio da esquerda facilitou o surgimento da onda”. Taiana defendeu a volta dos trabalhos de base, a defesa do legado das ações de governos das esquerdas avançando nos direitos e ampla campanha de defesa da democracia.

Nektarios Bougdanis, do Departamento Internacional da Syriza, da Grécia, falou sobre unidade e solidariedade, necessárias para a futura luta pelos direitos humanos em todo o mundo. “Estamos de olho no Brasil, porque a maneira como Bolsonaro venceu aqui significa que fará um governo frágil”. Para ele é muito importante criar uma rede mundial progressista. Ainda explicou como a direita se relacionou com a população grega em momentos de crise, apresentando-se como se não fosse um problema ser de direita e convencendo muitos de que são ações necessárias.

Para Maria do Rosário, deputada federal e ex-ministra de Direitos Humanos do governo Dilma Rousseff, a missão do PT é estar na luta, junto dos movimentos sociais, pelos direitos humanos contra o fascismo, porque foi assim que fortalecemos os caminhos da construção da democracia. A luta democrática precisa avançar porque as forças de direita pregam a negação do próprio liberalismo, de julgamentos justos – porque basta estar ao lado dos pobres para não ter julgamento justo. Democracia é uma questão de classe também. “Precisamos construir uma cultura contra a violência de Estado porque sem cultura democrática chegamos ao fascismo, como foi a eleição do adorador da tortura e defensor do ódio. Democracia está presa junto com Lula e precisamos libertá-los”, anunciou.

 

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