Entre os dias 30 de novembro e 1º de dezembro, ocorreu em Buenos Aires, Argentina, a reunião do G-20, grupo composto pelos dezenove países com as maiores economias do mundo, além da União Europeia. Se, durante os governos do PT, o Brasil apresentava-se como um ator importante nessas reuniões, agora com o golpista Michel Temer nos representando fomos delegados para o segundo escalão e ficamos de lado nas discussões dos principais encontros e acordos. E isso deverá continuar com o governo de Jair Bolsonaro.

O G-20 foi formado no final dos anos de 1990 como um fórum de ministros, mas foi a partir de 2008, após a crise econômica mundial, que teve maior preponderância no cenário internacional, sobrepondo-se ao G-8 e atuando como uma Cúpula de Chefes de Estado. O grupo funciona como um fórum permanente para debater questões ligadas, sobretudo, às relações econômicas entre os países. Esse ano, por exemplo, um dos principais temas foi a Organização Mundial do Comércio (OMC). Porém, não é somente isso já que, também nessa última reunião, discutiu-se o acordo climático que só os Estados Unidos do presidente Donald Trump não firmaram.

Durante os governos do PT o Brasil teve papel de peso nessas reuniões e foram vários momentos que refletiram isso. Um deles, talvez o mais lembrado, foi quando, em 2009 no encontro do G-20 em Londres, o então presidente Barack Obama dos Estados Unidos chamou Lula de “o cara”. Na mesma ocasião, foi dada à Lula a honra de sentar-se do lado da rainha do Reino Unido, Elizabeth II, na foto oficial do evento. Foi também no governo Lula que ocorreu a criação do G-20 comercial, grupo anterior e paralelo ao G-20 aqui citado, e que tem como membros países em desenvolvimento que buscam acesso para seus produtos agrícolas aos mercados dos países desenvolvidos e que teve papel decisivo do Brasil.

Desde o golpe e com o governo de Michel Temer, a importância do Brasil no cenário internacional tem sido diminuída. Neste último encontro do G-20, Temer teve uma aparição opaca, sem nenhuma relevância. Enquanto várias reuniões bilaterais estavam ocorrendo, como aquela na qual Estados Unidos e China decidiram adiar por noventa dias o aumento das tarifas de importações no comércio entre os países, os únicos encontros que Temer teve foi com os primeiros-ministros da Austrália e Cingapura e, depois disso, resolveu voltar mais cedo do que o previsto para Brasília.

Ao que tudo indica, esse papel secundário do Brasil deverá continuar no próximo governo, de Bolsonaro. Pessoas ligadas ao futuro presidente, como seu filho que, enquanto estava em visita nos Estados Unidos, foi fotografado com um boné do Trump, bem como o próprio Bolsonaro que bateu continência para um assessor de Trump e o ministro das Relações Exteriores escolhido, Ernesto Araújo, um “trumpista” assumido, apontam para um Brasil submetido aos interesses estadunidenses, sem voz própria e cada vez menos importante nos encontros internacionais.

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