Boletim de novembro analisa conjuntura em oito seções
O Boletim de Análise da Conjuntura daFundação Perseu Abramo abordou temas da atualidade em oito seções na edição de novembro. Em Golpe contra o Estado se mostra que o atual governo de transição dá sequência ao desmonte, iniciado no governo Temer, dos arranjos econômico-institucionais que viabilizaram a modernização econômica do país por meio da participação central das empresas estatais como
articuladoras do investimento público e privado, nacional e internacional.
Na parte Internacional se apresentam as perspectivas da política externa do presidente eleito a partir do que ele e membros de sua equipe têm dito nesse sentido. Também se discute a nomeação de Ernesto Araújo para o Ministério das Relações Exteriores.
Em Política e Opinião Pública analisa-se a nova composição do Congresso, que, embora tenha apresentado grande renovação, é o mais conservador de todos os tempos, com destaque para as principais bancadas formadas após as eleições. Também é apresentada a nova formação ministerial do futuro governo Bolsonaro anunciada até o momento.
Em relação ao tema Social, mostram-se as possíveis perspectivas a partir do crescimento do neoliberalismo e do conservadorismo, que se unem para aprofundar a política econômica do golpe e cortar ainda mais as políticas sociais. No mercado de trabalho, os dados continuam indicando uma incapacidade de gerar empregos (ainda mais empregos de qualidade) de forma a absorver a quantidade de pessoas
disponíveis. E, no mês da Consciência Negra, os dados sobre desigualdade de cor/raça no mercado de trabalho comprovam que ainda há muito o que avançar no Brasil.
Em Economia se evidencia que, passada a marola econômica do período eleitoral, a entrada no último trimestre de 2018 indica que o ano terminará com a atividade econômica ainda muito fraca, contrastando com o clima de relativo otimismo que era verificado no mesmo período do ano passado. De acordo com os mais recentes números setoriais divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – ainda relativos ao terceiro trimestre – a economia oscilou negativamente em praticamente todos os setores de atividade, com exceção do automobilístico. Portanto, a se confirmarem os rumos indicados pelas pesquisas, a passagem para o novo governo ocorrerá ainda em um contexto de forte debilidade da economia brasileira e, infelizmente, pelo menos até o presente momento, não há nenhuma sinalização
de melhora no horizonte.
A seção Territorial traz uma pesquisa que compara a performance eleitoral dos candidatos Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL) no segundo turno das eleições presidenciais. Os dados derivados do estudo mostraram melhor desempenho de Haddad na região Nordeste e em cidades brasileiras de menor porte. O estudo também associa o comportamento eleitoral dos candidatos a variáveis socioeconômicas
predominantes nos municípios.
A seção de Comunicação analisa a presença do Brasil na imprensa estrangeira nos primeiros dias após a eleição de Jair Bolsonaro, o comportamento da mídia tradicional brasileira após o anúncio de alguns integrantes do futuro governo e os principais assuntos que repercutiram no facebook e no twitter no período.
Na parte de Movimentos Sociais, mostra-se que ainda que o governo eleito não tenha sido formalmente empossado, já foram dados recados importantes dos movimentos sociais, que indicam que a vida não será fácil para aqueles que querem aproveitar a vitória eleitoral para impor autoritarismo e retrocessos ao Brasil. Há imensos desafios às forças populares e sociais a serem equacionados.