Querida Mamãe estreou essa semana no Canal Brasil. Filme de Jeremias Filho, baseado na peça de Maria Adelaide Amaral, oferece alguns dos dramas familiares mais peculiares: relação de mães e filhas, as cobranças, as diferenças entre elas e os fatídicos momentos de “lavar a roupa suja”.

As cenas das conversas entre mãe e filha são duras, críticas vorazes entre as personagens que não são nada além do que uma amostra de como se dão a convivência e aceitação (ou não) da outra, seja ela como for. Na vida real é bem difícil fazer essa travessia do viver com tranquilidade, tal como mostra o filme.

Letícia Sabattela (Heloísa) é a filha médica que teve histórica conturbada relação com sua mãe, Selma Egrei (Ruth), não vive bem com a profissão, separou-se de um marido que ninguém gostava – característica bem comum de marido ruim é quando todo mundo é unânime: o cara é um babaca!

Heloísa se envolve com uma paciente e lá vem drama familiar de novo, com toda bobagem preconceituosa (e bem cafona) sobre amor entre mulheres surgindo no drama que apesar de ambientado na cidade de São Paulo, oferece uma filha de catorze anos reacionária demais, como se a possibilidade lésbica fosse um assunto de outro planeta.

O melhor de Querida Mamãe é que por meio da ficção conta uma história bem possível de ser realidade sem perder o charme de ser um filme nacional, bem produzido, com as protagonistas de respeito que são as representadas por Letícia e Selma e finalmente porque mesmo com adicional de drama, uma doença grave em Ruth, mesmo esse plus de sofrimento e mágoas e ressentimentos, há um final feliz.

Nestes tempos duros e tristes, se “até beijo de novela me faz chorar”, um bom e velho final feliz é bem bom para alma e a resistência.

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