Quase dez mil pessoas se puseram em marcha desde Honduras em direção à fronteira entre México e Estados Unidos no dia 16 de outubro com a intenção de cruzá-la e tentar a vida nesse último. Mais do que uma manifestação política em defesa do direito de imigrar e de rechaço às restrições do governo de Donald Trump aos imigrantes da América Central, a iniciativa é fruto do desespero de hondurenhos pobres e sem perspectivas de vida decente em seu próprio país, por razões históricas e pela persistência de governos corruptos e neoliberais que assumiram o governo, particularmente, depois do golpe de Estado de 2008 que depôs o presidente Manuel Zelaya.

Embora cerca de três mil participantes da marcha tenham desistido pelo caminho ou decidiram pedir refúgio ao governo mexicano, ainda assim em torno de sete mil pessoas prosseguem à caminho da fronteira estadunidense aos quais se somarão também um grupo de aproximadamente trezentos salvadorenhos e um segundo contingente de mil hondurenhos.

O caminho é longo e a marcha tem sido atacada por integrantes de grupos fascistas no México, embora, por outro lado, conte com o auxílio de organizações sociais mexicanas e da Comissão Nacional de Direitos Humanos deste país. Entretanto, cerca de cinco mil soldados enviados por Trump os esperam na fronteira estadunidense, além dos integrantes dos serviços de migração e guardas aduaneiros habituais para impedi-los de chegar aos Estados Unidos. Aliás, o mandatário dos Estados Unidos transformou a marcha em um fato político tendo em vista a eleição parlamentar de “meio de mandato”, em novembro, tentando assustar o eleitorado conservador que o apoia ao chamar a “marcha de invasão dos Estados Unidos por imigrantes centro-americanos”.

Tudo indica que será criado um impasse e o presidente Lopez Obrador que assumirá o governo do México em 1º de dezembro terá o desafio pela frente de tentar ajudar a resolvê-lo, pois os imigrantes não querem ficar neste país e sim ingressar nos Estados Unidos.

Enquanto isso, no Brasil prepara-se a 12ª Marcha dos Imigrantes na cidade de São Paulo para o dia 2 de dezembro próximo com saída prevista para às 14 horas, em frente ao MASP. A atividade é iniciativa de várias organizações de apoio aos imigrantes, entre elas a Pastoral do Imigrante. A edição de 2017 reuniu aproximadamente quatro mil participantes. Este ano, a participação poderá ser maior em função da preocupação com as medidas xenófobas que o governo recém eleito poderá adotar a partir do ano que vem.

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