Brasil: as universidades e o golpe da extrema-direita
Syndicat National de l’enseignement Supérieur (SNESUP-FSU) divulga manifesto de solidariedade aos universitarios brasileiros. Leia a íntegra a seguir.
Brasil: as universidades e o golpe da extrema-direita
Jair Bolsonaro, candidato de propostas homofóbicas, misóginas e racistas, nostálgico da ditadura, foi eleito presidente do Brasil. O contexto, o de um país que afunda em uma profunda crise econômica, social e política desde 2015, é uma das causas maiores dessa eleição. Entretanto, na tradição da extrema-direita, um golpe foi necessário para tomar o poder.
Dez dias antes do primeiro turno, Jair Bolsonaro tinha 27% das intenções de voto. Ele obteve 46% dos votos. Enquanto isso, o aumento do poder de uma campanha de “fake news” online tinha impactado o processo eleitoral, em especial via WhatsApp do qual 50% dos brasileiros são assinantes. Além disso, métodos mais clássicos foram utilizados. As universidades foram um alvo privilegiado. A Federação Mundial dos Trabalhadores Científicos denunciou em 28 de agosto de 2018: intervenções de grupos violentos e/ou armados que impedem a realização de reuniões; intimidações e ameaças de morte; incursões difamatórias e mentirosas nas páginas de pesquisadores; retirada de cartazes e bandeiras; comissões de investigação sem fundamento; prisão e humilhação de um reitor de universidade pressionado ao suicídio…
Depois, entre os dois turnos, viu-se uma intensificação da (re)pressão e da censura na maioria das universidades, pela Justiça, pela polícia, pelos militares ou por estudantes violentos, simpatizantes daquele que prometeu uma “limpeza jamais vista na História desse país”: “ou partem para o exílio ou vão para a prisão”, “nós vamos varrer esses bandidos vermelhos do Brasil”.
Jair Bolsonaro foi eleito presidente da República Federativa no domingo, 28 de outubro, com 55,13% dos votos contra 44,87% para Fernando Haddad, candidato pelo Partido dos Trabalhadores (fonte: AFP). Na segunda-feira, 29 de outubro, a Bolsa de São Paulo atingiu um novo recorde (Agência Reuters).
Se os mercados escolheram seu campo, o SNESUP-FSU fiel a seus valores denuncia todos os ataques à democracia universitárias e às liberdades acadêmicas. Ele apoiará as universidades brasileiras em seu combate contra o fascismo.