A poucos dias para a eleição legislativa do meio do mandato nos Estados Unidos, que ocorrerá em 6 de novembro e renovará toda a Câmara, um terço do Senado e a maioria dos governadores, prefeitos e outras autoridades, houve ataques contra nomes históricos relacionados ao partido Democrata – atualmente na oposição ao governo do Republicano Donald Trump – à imprensa e também contra uma sinagoga durante uma cerimônia religiosa.

Desde semana passada foram enviadas bombas em pacotes pelo correio endereçados a Hillary Clinton, Bill Clinton, Barack Obama, entre outros. A CNN, canal de televisão, também foi alvo. Todas as vítimas são vistas como adversárias da direita americana, inclusive a CNN, que faz parte da imprensa que Trump sempre critica, pois o único canal que ele preserva é a Fox News, por apoiar a extrema direita estadunidense. O suspeito dos ataques é Cessar Sayoc, residente da Flórida que possui lista criminal extensa e é filiado ao partido Republicano.

No sábado, dia 27, um atirador entrou na sinagoga Árvore da Vida, que fica em Pittsburgh, durante o shabat, matou onze pessoas e feriu outras seis. O acusado de ter feito este ataque é Robert Bowers, um antissemita e crítico de Trump, pois um dos principais aliados internacionais de seu governo é Israel e vários judeus participam de seu gabinete. Pelo seu perfil em redes sociais, Bowers é xenófobo, antissemita e relacionado com movimentos de supremacia branca.

Desde que Trump ganhou as eleições com um discurso abertamente xenófobo, preconceituoso, machista e ofensivo aos seus adversários, os Estados Unidos se tornaram palco de vários ataques como os dois expostos aqui, além de manifestações públicas fascistas. O primeiro caso, dos “pacotes-bomba”, é claramente relacionado à retórica de enfrentamento da oposição feita por Trump. No segundo, apesar de o atirador ser crítico a Trump, seu comportamento é alimentado pela escalada do ódio às minorias e da defesa do porte de armas, ambas questões que estão quase sempre presentes nas falas do presidente americano. Os dois ataques podem ser vistos também como sintomas de uma população dividida e com os ânimos acirrados devido à proximidade da eleição legislativa.

Trump tem colecionado quedas em sua popularidade, o que poderia afetar o desempenho eleitoral de seu partido nessa eleição e possibilitar que os Democratas retomem vantagem no Legislativo ao apostarem este ano em candidaturas de jovens, negros e mulheres, que, além da oposição ao seu governo, também representam o respeito à diversidade e às minorias, coisa que os fascistas não gostam.

Porém, o caso das bombas, assim como a marcha dos imigrantes centro americanos à fronteira entre México e EUA, pode favorecer Trump eleitoralmente por gerar temor na opinião pública ao qual ele responde com retórica autoritária e belicista.

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