Extrema-direita cresce na Alemanha, mas há resistência
A batalha contra a extrema-direita não ocorre somente no Brasil e se estende por regiões importantes do globo, como a Europa e os Estados Unidos. No final de semana, em 13 e 14 de outubro, as atenções voltaram-se para a Alemanha, pois no sábado ocorreu uma manifestação enorme que reuniu centenas de pessoas em Berlim que gritavam contra as posturas da extrema-direita e, no domingo, aconteceu eleição no maior estado do país, a Baviera.
Há alguns anos a Alemanha ouve crescer em seu território o discurso xenófobo, contra os imigrantes e refugiados que está pautando boa parte dos movimentos e partidos da extrema-direita na Europa. O país é um dos principais destinos para as pessoas que buscam uma vida melhor no continente, ao mesmo tempo que a opinião pública é desfavorável aos imigrantes e refugiados. Com isso, o partido Alternativa para a Alemanha (AfD), que pode ser considerado neonazista, conseguiu número de cadeiras expressivas no Parlamento na última eleição nacional, um dos motivos que dificultaram a formação de um novo governo da atual primeira-ministra, Angela Merkel.
O AfD foi o principal fomentador de protestos xenófobos que tomaram conta do leste do país em setembro. A manifestação em Berlim, no sábado, é uma resposta a essa onda conservadora. Segundo seus organizadores, 242 mil pessoas participaram, o que torna o protesto um dos maiores do país em décadas. Entre os cartazes e mensagens espalhadas, via-se “Construa pontes, não muros” e “Unidos contra o racismo”. O momento da manifestação também foi oportuno pois, um dia depois, houve a eleição na Baviera.
Mesmo com essa movimentação progressista, o resultado confirmou o crescimento do conservadorismo e uma grande derrota para os partidos mais tradicionais. A União Social-Cristã (CSU), partido que compõem o governo de Merkel, perdeu sua maioria absoluta na região, algo que ocorreu somente uma vez em cinquenta anos, com 37% dos votos. O Partido Social-Democrata (SPD), outro da coalizão de Merkel, obteve uma votação pífia e não atingiu 10% dos votos. Por outro lado, os partidos da oposição, entre eles o AfD, saíram-se muito bem. O Partido Verde conquistou 18% das cadeiras, ficando em segundo lugar, e o AfD cerca de 10%, tendo agora representação em quase todos os parlamentos regionais.
O fim de semana alemão dá um sinal muito claro para o resto do mundo: a batalha contra a extrema-direita é constante e complicada, mas há resistência.