O candidato Jair Bolsonaro não pretende participar de nenhum debate no segundo turno, mesmo que seja liberado pelos médicos. O comando da campanha de Jair Bolsonaro avalia que ele não deveria ir a nenhum debate no segundo turno, nem mesmo o da TV Globo. Segundo o Estadão, a principal razão para que Bolsonaro não compareça aos debates e entrevistas na TV é de natureza estratégica.

A orientação da campanha é para que outros integrantes do núcleo duro da campanha e auxiliares também não se exponham ou deem informações que possam vir a mostrar contradições e desgastar a candidatura, como já ocorreu com as declarações de seu vice, general Hamilton Mourão, sobre o fim do décimo terceiro salário, ou de seu principal assessor econômico, Paulo Guedes, sobre a criação de uma nova CPMF. “Hoje, até por determinação superior, não estamos falando”, disse um auxiliar à Reuters. “Agora nós estamos, como dizem os marinheiros, não fazendo marola para não atrapalhar o Bolsonaro”, completou.

Sem comparecer aos debates, os projetos de Bolsonaro para o Brasil serão apresentados por meio de Twitter, em 140 caracteres e em lives nas redes sociais, disseminados entre seus seguidores. Essas são as únicas arenas nas quais Bolsonaro se sente à vontade para “debater” nesta campanha eleitoral.

A falta de debates é algo inédito em segundos turnos no período pós-redemocratização. O debate frente a frente, com perguntas e respostas esclarecedoras é o que o eleitor precisa e espera para depositar sua confiança, por meio do voto, em um candidato que represente aquilo o que deseja para o futuro do país. Também é relevante para que o eleitor perceba como os candidatos reagem à pressão e como se comportam frente à oposição e as contradições de seus discursos. Sem essa possibilidade o eleitor vota no escuro. Recusar o debate é negar ao eleitor a possibilidade de conhecer o candidato.

Está evidente que sem debates democráticos a exposição de ideias, apresentação de propostas e discussão de visões contraditórias ficam prejudicadas. Fugir da discussão é sempre o melhor recurso para quem não tem nada a propor.

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