Chile não será obrigado a negociar saída ao mar com Bolívia
Em 1 de outubro, a Corte Internacional de Justiça em Haia, na Holanda, rejeitou por doze votos a três o pedido para obrigar o Chile a negociar com uma saída ao mar com a Bolívia. Evo Morales, presidente boliviano, estava na Corte e lamentou a decisão e reiterou que irá continuar o diálogo. Já Sebastián Piñera, atual presidente chileno, a chamou de triunfo histórico e nem mesmo compareceu na audiência.
O pedido estava em trâmite na Corte desde 2013, porém, a história que por trás dele nos remete ao século 19. Em 1883 o Chile venceu a Guerra do Pacífico que vinha se estendendo desde 1879, em cima das forças do Peru e da Bolívia. Com isso, o território chileno acabou anexando territórios e, entre esses, estava o que dava para a Bolívia a saída ao oceano Pacífico, atualmente o norte do Chile. Tal mudança na configuração dos territórios foi ratificada em um tratado entre os dois países em 1904.
Ao longo do século 20, o tratado entrou em discussão algumas vezes sendo, a mais importante delas, nos anos de 1970, entre as ditaduras de Augusto Pinochet, do Chile, e Hugo Banzer, da Bolívia. As conversas fracassaram em 1978. Posteriormente, as relações diplomáticas entre os países foram interrompidas e seguem assim até o período atual. Para retomá-las seria necessário, antes de tudo, que este embate sobre a saída ao mar fosse solucionado.
No tratado citado, que vigora até hoje, está previsto que a Bolívia tenha acesso livre aos portos chilenos para fazer trocas comerciais. Porém, os bolivianos alegam que os chilenos não cumprem o que foi acordado e que isso afeta negativamente sua economia, além do fato de que o transporte dos produtos fica bem mais caro. Ademais, não reivindicam todo o território que foi perdido, o que seria plausível, já que lá também estavam recursos importantes como o cobre. A proposta é de um corredor que proporcione acesso soberano à Bolívia ao Pacífico para assim conseguir fazer trocas comerciais mais justas.