O Instituto Ibope divulgou, na noite de 1º de outubro, uma pesquisa feita para a Rede Globo e para o jornal O Estado de SP que mostra crescimento de Bolsonaro dentro da margem de erro (de 27% para 31%) e manutenção da intenção de voto do candidato do PT, Fernando Haddad (em 21%). Os questionários registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pelo Instituto, no entanto, mostram que o Ibope vem adotado um filtro para aplicação do questionário que resulta em uma distorção e na não representatividade da pesquisa em relação ao eleitorado brasileiro. No questionário aplicado em campo, o Instituto encerra automaticamente a pesquisa para os eleitores que declaram não ter votado nas últimas eleições, excluindo-os da representação que a pesquisa pretende fazer, ou seja, cerca de 25% do eleitorado pode ficar de fora.

Nas eleições de 2016, influenciadas pelo golpe e pelo ambiente de antipolítica e antipetismo provocados pela aliança entre imprensa-Judiciário e partidos que aderiram a Temer, o índice de abstenção foi alto. Em São Paulo, por exemplo, o candidato João Doria foi eleito com menos votos do que o número dos que não foram votar, concentrados principalmente nas periferias da cidade, que historicamente votaram no Partido dos Trabalhadores. Desde então, o partido recuperou sua imagem e viu sua intenção de voto crescer justamente entre os setores historicamente petistas e lulistas, como mais pobres e moradores das periferias. Ao excluir essa parcela do eleitorado de sua pesquisa, a pesquisa Ibope enviesa a amostra e não é um retrato fiel do eleitorado brasileiro, e sim de uma parcela dele. Com uma disputa acirrada, é provável que mais pessoas compareçam às urnas.

Diversas pesquisas divulgadas nos últimos dias apontam uma consolidação em relação aos candidatos que irão ao segundo turno das eleições presidenciais. Com a estagnação das intenções de voto de Ciro Gomes, Geraldo Alckmin e Marina Silva em patamares não competitivos, o candidato do PT, Fernando Haddad, deve ir ao segundo turno contra o deputado Jair Bolsonaro, do PSL. A estratégia de igualar Haddad a Bolsonaro, utilizada pelos setores que gravitam em torno dos tucanos, como jornalões e a própria candidatura de Alckmin, pode estimular a antipolítica e o antipetismo, abrindo caminho para Bolsonaro.

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