Com austeridade, aumenta “empreendedorismo” e desalento
A política de austeridade do Governo Michel Temer – defendida por muitos candidatos à presidência – e a reforma trabalhista continuam sem conseguir fazer o Brasil crescer e gerar empregos. Prova são, além do alto desemprego, o aumento do “empreendedorismo” e o fato de que os brasileiros que ficam desempregados têm desistido cada vez mais cedo de procurar emprego.
Sobre o aumento do “empreendedorismo”, os meios de comunicação têm mostrado um recorde na criação de empreendimentos no primeiro semestre de 2018 (1,2 milhão). No entanto, as análises mostram que esse aumento do empreendedorismo se deve a pequenos empreendimentos montados por trabalhadores que perderam o emprego e não conseguiram nova colocação no mercado de trabalho, ou seja, é um “empreendedorismo” por falta de opção.
Já sobre os brasileiros desocupados que desistem de procurar emprego (desalentados), estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que os desalentados no Brasil são, preponderantemente, mulheres, nordestinas, pouco escolarizadas e jovens. Ainda, enquanto no início de 2016 pouco mais de 14% dos que transitavam do desemprego para a inatividade o faziam por conta do desalento, no segundo trimestre de 2018 essa proporção atingiu 22,4%. Esse dado indica que a permanência no desemprego por um período longo está fazendo com que uma parcela cada vez maior dos desocupados desista de procurar emprego.
Para os autores da análise, a queda da desocupação ocorrida nos últimos meses se deve mais à retração da força de trabalho do que pela expansão da população ocupada. O estudo diz textualmente que “as maiores quedas da desocupação foram motivadas pela retração da oferta de mão de obra, não pela expansão do emprego”. Também vem crescendo a parcela de desempregados cujo tempo de procura por emprego é maior que dois anos. No segundo trimestre de 2018, esse percentual foi de 24%, superior ao registrado nos mesmos trimestres de 2017 (22%) e 2016 (20%). Ainda, o principal aumento da população ocupada vem do setor informal.
Os dados mostram que insistir nessa mesma política não tem surtido efeito positivo para os milhões de brasileiros que dependem da renda de seu trabalho. Para voltar a gerar trabalho, renda e crescimento econômico, é preciso mudar.