Mulheres se organizam e podem virar pesadelo de Bolsonaro
O grupo de Facebook “Mulheres Unidas Contra Bolsonaro” – destinado à união das mulheres de todo o Brasil (e as que moram fora do país) contra o avanço e fortalecimento do machismo, misoginia e outros tipos de preconceitos representados pelo candidato Jair Bolsonaro e seus eleitores – atingiu um milhão de integrantes na madrugada desta quarta-feira, 12 de setembro. Conforme as regras postadas no perfil, o grupo é destinado apenas às mulheres, incluindo as cis ou trans, não permite discursos de ódio ou bullying, nenhuma promoção ou spam e também postagens sobre outros candidatos.
Em sua apresentação no facebook, consta o seguinte objetivo: “este cenário que em princípio nos atormenta pelas ameaças às nossas conquistas e aos nossos direitos é uma grande oportunidade para nos reconhecermos como mulheres. Esta é uma grande oportunidade de união! De reconhecimento da nossa força! O reconhecimento da força da união de nós, mulheres, para direcionar o futuro deste país!”.
Além deste fato, a pesquisa do Instituto Datafolha divulgada no dia 10 de setembro mostra que 49% das mulheres não votariam nele de jeito nenhum. Tudo indica que a conhecida postura do candidato do PSL à presidência contra as mulheres e o feminismo pode se transformar em seu pesadelo nas urnas.
Entre as manifestações machistas de Bolsonaro, ganhou notoriedade a ofensa à deputada petista Maria do Rosário, em dezembro de 2014, quando ele disse que “só não a estupra porque ela não merece”. O mesmo havia sido dito por ele em 2003, quando os dois discutiram em um corredor da Câmara. Em agosto de 2017, o Superior Tribunal de Justiça manteve a condenação de Bolsonaro a indenizar a parlamentar por danos morais, além de obrigá-lo a se retratar no Facebook e no Youtube.
Outro fato notório foi a entrevista concedida por ele ao jornal Zero Hora, na qual afirmou ser favorável às diferenças salariais entre homens e mulheres, já que elas engravidam. “Eu sou liberal. Defendo a propriedade privada. Se você tem um comércio que emprega trinta pessoas, eu não posso obrigá-lo a empregar quinze mulheres. A mulher luta muito por direitos iguais, legal, tudo bem. Mas eu tenho pena do empresário no Brasil, porque é uma desgraça você ser patrão no nosso país, com tantos direitos trabalhistas. Entre um homem e uma mulher jovem, o que o empresário pensa? ‘Poxa, essa mulher tá com aliança no dedo, daqui a pouco engravida, seis meses de licença-maternidade…’ Quem que vai pagar a conta? O empregador. No final, ele abate no INSS, mas quebrou o ritmo de trabalho. Quando ela voltar, vai ter mais um mês de férias, ou seja, ela trabalhou cinco meses em um ano”, disse Bolsonaro.
Além de suas famosas declarações homofóbicas e misóginas, votou contra a PEC das Domésticas, lei que estendeu os direitos da CLT aos trabalhadores domésticos. Durante o votação do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, dedicou seu voto ao coronel Ustra, líder das torturas durante a ditadura militar.
A resistência iniciada nas redes sociais já está se transformando em ações físicas, com várias manifestações públicas convocadas por grupos de mulheres e Glbtqi+ em diversas cidades do país.