O governo dos Estados Unidos anunciou que cortará a doação voluntária anual, de aproximadamente trezentos milhões de dólares para os refugiados da Palestina, canalizado por intermédio da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA na sigla em inglês para United Nations Relief and Works Agency for Palestine Refugees).

Esta Agência foi criada pela Assembleia Geral da ONU em dezembro de 1949 e entrou em funcionamento cinco meses depois para atender os refugiados palestinos e seus descendentes que, entre junho de 1946 e maio de 1948, perderam suas casas e meios de subsistência em função do conflito árabe-israelense instalado à partir da independência de Israel que foi declarada em 14 de maio de 1948.

Embora não seja dito, este período de dois anos corresponde ao auge da campanha sionista pela constituição do Estado de Israel no território palestino que era administrado pela Inglaterra desde que foi tomada do Império Otomano após a derrota da Turquia na Primeira Guerra Mundial em 1918.

Na busca da constituição de um país independente, os israelenses, além de enfrentar os ingleses, promoveram intensa migração dos judeus que sobreviveram ao holocausto nazista para a Palestina e medidas para expulsar os palestinos de suas terras para dar espaço e segurança aos que chegavam. Massacres de homens, mulheres, idosos e crianças ocorridos em aldeias palestinas como Deir Yassin com mais de duzentas vítimas fatais contribuíram para sua diáspora pelos países da região como Líbano, Síria, Jordânia, entre outros, e que hoje somam uma população de cinco milhões de pessoas vivendo em campos de refugiados e dependentes da cooperação internacional.

O argumento para esta medida recente foi apresentado pela embaixadora Nikki Haley dos Estados Unidos junto à ONU: o “governo palestino agride os Estados Unidos”. À rigor, pelo direito internacional, a obrigação de prestar assistência aos refugiados seria de Israel e de mais ninguém, pois é o responsável por esta tragédia que se estende por setenta anos e quem substituiu na prática esta obrigação foram vários governos, principalmente, o estadunidense. No entanto, é pouco provável que o governo israelense assuma esta responsabilidade agora, embora conte com uma ajuda anual dos Estados Unidos de cinco bilhões de dólares, principalmente para armamentos, que contrasta enormemente com a doação de apenas trezentos milhões de dólares para os refugiados palestinos, além de todos os esforços que os governos, estadunidense e israelense, fizeram até o momento para solapar os acordos de paz que visam a constituição de dois Estados no território palestino.

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