De acordo com os dados das Contas Nacionais divulgados nesta sexta-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o PIB brasileiro oscilou míseros 0,2% no segundo trimestre de 2018 quando comparado com o trimestre imediatamente anterior.

Pior do que isso, o IBGE também revisou para baixo as taxas de crescimento observadas nos dois trimestres anteriores, revelando que de fato a economia brasileira – deixada à sua própria sorte por um governo que insiste no laissez-faire da ortodoxia econômica – é incapaz de se reerguer da profunda depressão econômica em que se encontra. No acumulado dos últimos doze meses encerrados em junho, a taxa de crescimento do PIB ficou em apenas 1,4%, muito abaixo das previsões ufanistas anunciadas pelo governo no início do ano que triscavam os 3%.

Analisando os componentes do PIB pela ótica da demanda (isto é, do gasto agregado), fica mais claro o tamanho da encalacrada em que nos encontramos. O consumo das famílias, variável com o maior peso no cálculo do PIB e que ajudou bastante no desempenho menos ruim registrado no segundo e no terceiro trimestre do ano passado (veja no gráfico), ficou praticamente estagnado entre abril e junho deste ano, crescendo apenas 0,1%.

Já a formação bruta de capital fixo, que corresponde aos investimentos totais, sofreu uma queda de 1,8% no trimestre, o que representa um gravíssimo indicador da fragilidade do quadro atual, visto que essa é a variável qualitativamente mais importante na composição do PIB. Por seu turno, os gastos governamentais, que seriam fundamentais para compensar a estagnação que se verifica na demanda do setor privado, cresceram tão somente 0,5%, o que é muito pouco e insuficiente para garantir dinamismo à esfera privada.

Como não poderia deixar de ser, também quando se analisa a dinâmica de crescimento do PIB pela ótica da oferta, a fraqueza que se alastra pelos setores produtivos dá a medida do estrago que foi alcançado pelas experiências de neoliberalismo selvagem que estamos vivenciando. O setor industrial, crucial para qualquer país que se pretenda levar a sério, recuou 0,6% no trimestre em tela, revertendo o tímido suspiro que havia dado no primeiro trimestre do ano (0,1%). Já a agropecuária, que no mesmo período do ano anterior estava bombando e que foi responsável por 70% do crescimento de 1% do PIB em 2017, registrou estagnação na passagem do primeiro para o segundo trimestre de 2018 e queda de 0,4% na comparação com o mesmo trimestre do ano passado. Por fim, o único setor que teve uma leve melhora foi o de serviços, que registrou ampliação de 0,3% no segundo trimestre, depois de ter crescido 1% no primeiro trimestre de 2018.

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