Reforma do Sistema de Justiça faz parte do ‘Plano Lula de Governo’
Na quarta feira, 29 de agosto, Michel Temer concedeu reajuste no salário dos Ministros do Supremo Tribunal Federal de 16,38%. O aumento foi aprovado pelos próprios ministros e está acima da inflação de três anos, supera o índice de reajuste salarial de todas as categorias trabalhadoras e terá um impacto nas contas públicas correspondente a 38,1 bilhões de reais.
Em resposta a esse tipo de medida, o ‘Plano Lula de Governo’ propõe retomar o debate sobre a reforma do Poder Judiciário e do Sistema de Justiça. É preciso eliminar o acúmulo de privilégios como o fim do auxílio-moradia para magistrados, membros do Ministério Público e demais agentes públicos que possuam casa própria e residam no domicílio ou usem imóvel funcional, regulamentar a aplicação do teto salarial ao funcionalismo público; reduzir o período de férias de sessenta para trinta dias para todas as carreiras, proibir os patrocínios empresariais a eventos das associações e instituições do Sistema de Justiça, entre outros privilégios da carreira.
O Plano coloca também a necessidade de instituir tempo de mandatos para os membros do STF e das Cortes Superiores de Justiça, não coincidente com a troca de governos e legislaturas e introduzir mudanças na escolha dos integrantes do STF e dos Tribunais Superiores. Os nomeados devem ter compromisso com a democracia, com o Estado Democrático de Direito e com a separação de poderes, sobretudo com as garantias judiciais previstas na Constituição Federal.
Em um país marcado por desigualdades históricas e estruturais de classe, raça e gênero, a elitização das carreiras do sistema de Justiça é uma afronta e distancia o mundo do Direito da vida das pessoas comuns. É necessário promover o ingresso e a ascensão nas carreiras do Sistema de Justiça a todos os segmentos da população, em particular daqueles que são vítimas históricas de desigualdades e opressões.
O ‘Plano Lula de Governo’ pretende também ampliar o acesso dos pobres à Justiça e conferir agilidade e estabilidade às decisões judiciais, investindo no setor para a melhoria da prestação de serviços à população, o que passa pela profissionalização da administração da Justiça, simplificação de procedimentos, ampliação dos serviços a regiões pouco favorecidas e estruturação e qualificação das carreiras auxiliares.
Além disso, é preciso democratizar a escolha dos órgãos diretivos do Poder Judiciário, bem como conferir transparência e controle social na administração da Justiça, revendo o papel e a composição do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), instituir ouvidorias externas, ocupadas por pessoas que não integrem as carreiras, ampliando a participação da sociedade para além das corporações do Sistema de Justiça.