Uma pequena cidade do Norte do país, Pacaraima, situada em Roraima, foi palco de ataques xenófobos por parte dos brasileiros contra a população venezuelana em 18 e 19 de agosto. O território da cidade faz fronteira com o nosso vizinho e, devido à crise econômica que o país vive, está recebendo um grande contingente de venezuelanos.

Os ataques começaram após venezuelanos terem sido acusados de assaltar e ferir um comerciante da cidade, o que seria um caso para investigações e, posteriormente, se aplicável, uma punição aos assaltantes. Entretanto, isso foi utilizado como estopim por grupos de brasileiros, revestidos de ódio e xenofobia, para queimarem objetos dos acampamentos dos venezuelanos, como roupas, e fazerem protestos para expulsá-los, o que levou a 1.200 destes atravessarem a fronteira de volta ao seu país.

O governo de Michel Temer vem agindo de maneira negligente em relação ao que está se instaurando não só em Pacaraima, mas no estado de Roraima como um todo, que é o que mais recebe os venezuelanos, ao mesmo tempo que é um dos mais precários em infraestrutura. A soma entre, de um lado, uma população historicamente desassistida e, de outro, a entrada de mais pessoas que também vem de uma situação de desamparo, leva a um resultado explosivo, o que estamos presenciando.

A solução não passa por um fechamento das fronteiras, como está pedindo o governo de Roraima, principalmente porque o Brasil tem uma herança positiva no cenário internacional no que tange ao tema de imigração e refugiados, sendo um país com uma lei progressista em relação a isso. Mas passa, certamente, por uma ação conjunta em dar melhores condições para o estado como um todo, receber e , eventualmente, remanejar os venezuelanos para outros lugares. Sobretudo, abrir diálogo com a Venezuela para ajudar o país com a crise econômica, sem interferir em sua soberania e, com certeza, sem o uso do forças militares, como já foi defendido pelos Estados Unidos.

Porém, essas atitudes que poderiam levar a uma melhora da situação em Roraima dificilmente deverão ser tomadas por Temer. Primeiro, pela lógica de Estado mínimo que perpassa seu governo, o que dificulta uma ajuda federal para Roraima. E, segundo, pela política externa que, como já vimos em outros casos, está fadada a uma submissão aos Estados Unidos, à medida que apenas ataca o governo da Venezuela, sem abertura para dialogar sobre a crise.

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