Julián Fuks é um autor da nova geração. Nascido em 1981, ele publicou quatro livros. O último, sobre o qual trata esse texto, A Resistência, foi vencedor do Prêmio Jabuti nas categorias Romance e Ficção do Ano, em 2016. O livro tem uma narrativa leve, apesar de tratar de assuntos complexos como a ditadura na Argentina, adoção e dramas familiares.

O interessante é que os três assuntos estão conectados, assim como a ficção e a autobiografia do autor. Julián Fuks é filho de pais argentinos que, por serem militantes de esquerda, se viram obrigados a fugir do país em função da perseguição pela ditadura. Pouco antes da fuga, eles adotaram uma criança.

As condições em que a adoção se deu foram um tanto misteriosas e nunca fizeram parte das conversas familiares. Portanto, a resistência da qual trata o livro ocorre em diferentes pontos da história. São os pais que resistem à repressão e às constantes ameaças de prisão e morte que os cercam. É o irmão adotivo que, ao longo da história, tem uma série de problemas com a família, e o próprio narrador, que, durante todo o livro, se mostra incomodado por estar contando detalhes tão íntimos dos seus pais e da sua própria história.

O enredo começa na Argentina e passa para o Brasil com a fuga da família. Fugitivos, os pais carregaram com eles os três filhos. As dificuldades para a adaptação da família ao novo local e à nova cultura estão muito presentes no livro. O casal ainda precisa lidar com a situação política no Brasil que não era menos complexa do que a da Argentina.

Todos esses ingredientes formam uma história que consegue envolver o leitor não apenas pelo interesse nos desdobramentos do romance, mas também emocionalmente porque a obra é comovente em diversas passagens. Lançado pela editora Companhia das Letras, o livro tem apenas 137 páginas. Trata-se de uma leitura rápida, mas saborosa.

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