Na reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) do dia 31 de julho, as autoridades econômicas do governo Temer avançaram mais alguns passos nos descaminhos do golpe. Sob o lustroso argumento de que é preciso simplificar o sistema de crédito imobiliário e conferir maior liberdade às instituições financeiras, o CMN adotou uma série de alterações nas regras do financiamento imobiliário que deverão favorecer o crédito a imóveis de alta renda e as atividades das incorporadoras que atuam nesse filão de mercado.

Entre as principais medidas anunciadas – e que devem entrar em vigor em janeiro de 2019 – destacam-se: o fim do teto de juros de 12% ao ano; a ampliação do valor dos imóveis a serem financiados com os recursos do FGTS (de 950 mil reais para 1,5 milhão); a liberdade para adotar outros indexadores das dívidas além da TR e a autorização para destinar os recursos captados com as cadernetas de poupança para negócios imobiliários por fora do Sistema Financeiro de Habitação.

Noves fora, trata-se de mais um “presentaço” do governo tucano-golpista para os donos da “bufunfa” e faz lembrar a escandalosa generosidade do regime militar que nos anos setenta financiava com dinheiro do trabalhador (FGTS) as casas de praia das famílias de alta renda país afora.

Desincumbidas de direcionar a maior parte dos recursos do FGTS e das cadernetas de poupança para imóveis destinados à população de menor renda e ainda dotadas de maior liberdade para indexar seus contratos de financiamento imobiliário, as instituições financeiras deverão dar corda ao avanço dos negócios imobiliários de alta renda. Isso favorece não apenas o bolso dos afortunados que estão no topo da pirâmide social brasileira, mas inclusive fomenta a especulação com imóveis urbanos nos bairros nobres das grandes cidades, o que, em última instância, acabará encarecendo o preço daqueles localizados nas regiões onde se concentram os pobres e remediados.

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