Universidades criadas em governos do PT são chave na inclusão
Segundo Dilvo Ristoff, professor da Universidade Federal de Santa Catarina, as Instituições de Ensino Superior, em especial as universidades, criadas durante os governos do PT, são peças fundamentais na inclusão social (especialmente em relação à aplicação da Lei de Cotas) e na redução do elitismo que caracteriza o ensino superior brasileiro. A pesquisa do professor pode ser acessada aqui.
De acordo com o professor, “universidades novas como a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), a Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), a Universidade Federal do Pampa (Unipampa) e várias outras já cumprem ou estão prestes a cumprir a meta [da Lei de Cotas] de 2016, indicando que estas instituições, a exemplo dos Institutos Federais, já nasceram com mais cara de povo, ou seja, com uma identidade mais próxima da sociedade brasileira como um todo”.
O professor ainda aponta que durante o segundo mandato do governo Fernando Henrique (1999-2002) houve altas taxas de crescimento da educação superior, notadamente em função da proliferação de instituições privadas. Nos doze anos dos governos Lula-Dilma, o crescimento se manteve constante, embora em ritmo mais moderado, e mais em sintonia com as políticas globais de inclusão social.
A maioria das constatações da pesquisa do professor, a partir da análise dos dados do Questionário Socioeconômico do Enade, mostram que, ao fim do primeiro governo Dilma, a democratização do campus passa a se dar em ritmo mais acelerado (quando se considera, por exemplo, a cor dos estudantes, a escolaridade de seus pais, a renda de sua família e se estudaram em escola pública ou privada). Mas ainda há um caminho longo pela frente: por exemplo, embora se observe uma diminuição do percentual de estudantes de cor branca e um pequeno aumento dos estudantes de cores preta e parda no período de 2004 a 2012, em média o campus brasileiro continua significativamente mais branco que a sociedade brasileira.
Para além desses desafios, o professor destaca que o crescimento da educação superior se dá em descompasso com o crescimento do ensino médio brasileiro. “Enquanto as matrículas do ensino médio, nas últimas décadas, cresceram cerca de 120%, as da educação superior cresceram cerca de três vezes mais”, o que revela uma séria dissintonia entre os níveis educacionais. Além disso, mostra que a educação superior alimenta-se em grande parte com os graduados de longa data. “Dados recentes do Censo da Educação Superior mostram que cerca da metade dos sete milhões de estudantes têm mais de 20 anos de idade e que, destes, cerca de seiscentos mil têm mais de 40 anos de idade”, relata o professor.