As propostas dos candidatos: Temer é Alckmin e vice-versa
O jornal Valor Econômico organizou um painel com as principais propostas dos cinco primeiros colocados na corrida para a eleição à presidência da República e, para auxiliar o leitor, montou um sistema bastante útil que permite comparar a proposta do candidato “a” com a do “b”. A despeito do vazio de ideias de alguns candidatos sobre temas importantes e as barbaridades descabidas que são anunciadas por um ex-capitão do exército, a ferramenta vem em boa hora e certamente ajuda a aquecer o necessário debate programático.
Pois bem, passando em escrutínio o elenco de temas que lá estão organizados, chega a ser constrangedora a agenda programática apresentada pela campanha do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), atual candidato a candidato do centro. A não ser por um detalhe ou outro e algumas promessas pra lá de vagas (como prometer dobrar a renda da população, sem dizer como ou em quanto tempo), as proposições do tucano são essencialmente a absoluta continuidade do governo Temer.
Na economia, por exemplo, defendem a privatização das estatais, a manutenção do teto de gastos e o atual tamanho da carga tributária. Na segurança, além de algumas iscas para atrair do eleitorado fascistoide, faz-se a defesa da intervenção federal nos estados e da permanência do Ministério da Segurança. Sobre a Previdência, reafirma-se fundamentalmente o que estava na proposta encaminhada por Temer ao Congresso: estabelecer uma idade mínima e aumentar as contribuições dos segurados. Já para a educação, limitam-se explicitamente a apoiar a reforma do ensino médio do governo Temer. E na política externa? Bingo! Manter a política do governo Temer. E na saúde? O mesmo que tem sido feito no governo Temer: nada.
Sim, é claro que por ser o PSDB o grande fiador do golpe e comandante de ministérios estratégicos da gestão Temer, não deveria surpreender ninguém que o tucanato se sentisse na obrigação de lustrar a sua obra. Contudo, considerando o estrago que seus ministros e a camarilha do MDB têm feito ao país e a péssima aprovação do governo, era de se imaginar que, ao menos no marketing político e no arrazoado programático que prepararam para arrebatar o centro, tentassem ao menos se distinguir da triste figura do presidente golpista e sinalizar ao eleitorado algo mais do que o amargo gosto do mesmo.