Na noite de quarta-feira, 4 de julho, o auditório da Fundação Perseu Abramo ficou pequeno para receber os presentes para o lançamento do livro Uma Revolta Urbana – A greve geral de 1917 em São Paulo, que faz parte da Coleção História do Povo Brasileiro.

Doutores em História Social pela Unicamp, os autores, Luigi Biondi e Edilene Toledo, participaram de debate mediado por Isabel dos Anjos, diretora da FPA. O lançamento contou com presença de estudiosos, especialistas e alunos de História e foi transmitido ao vivo pelas redes sociais. O vídeo completo pode ser assistido no Youtube da FPA. A íntegra do livro pode ser baixado aqui.

Isabel do Anjos, ao parabenizar os autores pela pesquisa e publicação, relembrou que “a obra vem a calhar com o período histórico em que vivemos, marcado pela perda de direitos conquistados com muita luta pelos trabalhadores, tal como evidenciado a partir da pesquisa realizada por vocês. É significativa a atualidade desse trabalho tanto para a historiografia brasileira que se enriquece com essa pesquisa, quanto para contribuir para o escopo das discussões sobre o momento em que vivemos”.

Para Edilene Toledo, este evento histórico, “apesar de distante está muito perto de nós, ajuda a pensar a cidade de São Paulo, marcada pela exclusão de direitos e também por lutas. Naquele momento a cidade teve um aumento de 400% de sua população, vivia um processo de metropolização, o que fazia da cidade palco de experiência única.”

Luigi Biondi nos contou sobre a presença das crianças nas fábricas têxteis e as características desta greve geral, que teve seu início no bairro da Mooca. O professor falou também sobre a vanguarda e liderança das mulheres operárias. Segundo os autores, as tecelãs foram as principais protagonistas da greve, que se espalhou pelas demais regiões de São Paulo.

Biondi, ao comentar a forte presença imigrante na mão de obra fabril inicial daquela São Paulo, explicou que “foi uma greve de de ação heterogênea, não só por estímulos materiais, mas uma greve de pertencimento e união de várias ideologias, sendo ela um grande sucesso”.

Foi uma greve geral – a segunda realizada, porque a primeira foi em 1907 – que abarcou uma grande diversidade de categorias, unindo as bandeiras socialistas e anarquistas num mesmo movimento de mobilização. Na publicação é possível conhecer um pouco mais com imagens também daquele momento e entender os formatos da organização, a intensa repressão policial e perseguição de lideranças.

O mundo do trabalho de 1917 não era nada saudável para a classe trabalhadora: mais de dezesseis horas nas fábricas, salários de fome, muitos acidentes de trabalho, grande maioria da força de trabalho nas indústrias têxteis formada por mulheres e crianças. A obra ilumina com profundidade o período importante que foi a Primeira República para a constituição da sociedade brasileira e da luta por direitos. E como foi um momento de transformação, apresenta a presença e participação das mulheres nesse processo também.

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