1984: da distopia do século 20 à pós-verdade agora no Teatro
A peça 1984 é uma adaptação do romance clássico de George Orwell, lançado em 1949, do Núcleo Experimental, um grupo de artistas que se explora novos autores ou remonta clássicos, dialogando com a sociedade contemporânea, dirigida por Zé Henrique de Paula. Estreou no dia 1º de junho no Sesc Consolação e fica em cartaz até o próximo dia 8 de julho.
A montagem é encenada pelos atores Rodrigo Caetano, no papel de Winston Snith, Carmo Della Vecchia, interpretando O’Brien e Gabriela Fontana, como Gabriela, entre outros. A peça retrata o drama de um trabalhador do “Ministério da Verdade”, responsável por reescrever notícias e artigos já publicados, desescrevendo e apagando dos registros histórico, o que não segue a ideologia do governo.
A maior parte da cena se passa em um escritório antigo, onde a convivência dos trabalhadores em um ambiente corporativo, revela a ausência de identidade e singularidade dos personagens. Winston vive um drama de consciência e a peça demonstra o conflito entre o real e a ilusão na mente do protagonista, que tenta manter sua liberdade de pensamento em um mundo completamente controlado por um regime totalitário, comandado pelo “Grande Irmão”.
Ao se apaixonar pela colega de trabalho, Julia, com quem compartilha críticas sobre a verdade reconstruída, ambos passam a fugir do controle das tele-telas do grande irmão, instaladas em todos os lugares. Descobertos por seus “pensamentos-crime”, o clima de medo, repressão e tortura passam a envolver o espectador e o conduzir ao inferno vivido pelo personagem perante O’Brien, seu torturador.
O Livro 1984, publicado há mais de sessenta anos, é considerado um clássico da distopia do século 20, antecipando o controle de informação e da comunicação no mundo, muito antes de a internet ser criada. Para os que o leram antes dos anos 2000 e o acesso a realidade virtual, embora impactante era um produto de ficção.
Vê-lo em cena, em uma época em que a realidade virtual pode ser facilmente manipulada, mentiras deliberadas tornam-se pós-verdades, através das fake news; realitys shows lideram a audiência de TV e a privacidade do pensamento é capturada por meio de buscas e microfones ibutidos na internet das coisas (como celulares, smart tvs, google maps), o espetáculo torna-se real e causa enorme desconforto.
Os lemas “Guerra é paz, liberdade é escravidão, ignorância é poder” ecoam ao final do espetáculo, de onde se sai com a certeza de que “O Grande irmão zela por ti”.
Serviço
Peça: 1984
Direção: Zé Henrique de Paula
De 01/06 a 08/07/2018
Sextas e sábados as 21hs e domingo as 18hs
Teatro Anchieta – SESC Consolação
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