Fotos: Sérgio Silva

A Fundação Perseu Abramo (FPA) reuniu na noite do dia 21 de junho, em São Paulo, intelectuais e lideranças políticas para homenagear o professor e militante internacionalista Marco Aurélio Garcia, durante o lançamento do livro A Opção Sul-Americana – Reflexões sobre a política externa (2003-2016), fruto de uma parceria com o Instituto Futuro – Marco Aurélio Garcia (Imag). O livro está disponível para ser baixado neste link.

Com prefácio do jornalista Paulo Sérgio Pinheiro e apresentação do economista Marcio Pochmann e do vice-presidente do PT e diretor do Imag Luiz Dulci, o livro reúne artigos que tratam de política externa e remetem ao período dos governos Lula e Dilma.

Naquele período a ação do Brasil teve um caráter abrangente, sempre levando em conta que a presença internacional do país ganharia mais consistência e eficácia quando associada às posições de toda a América do Sul. Foram organizadores o cientista social Bruno Gaspar e a jornalista Rose Spina.

Estão previstos e já em fase de preparação mais dois volumes com textos selecionados do autor: um sobre o PT e outro sobre a contribuição à história da esquerda brasileira, publicada pelo jornal Em Tempo.

Participaram da roda de conversa durante o evento a jornalista e diretora da FPA Rosana Ramos, o diretor do Instituto Marco Aurélio Garcia e vice-presidente do Partido dos Trabalhadores Luiz Dulci, o ex-ministro das Relações Exteriores dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva, Celso Amorim, o vice-diretor do Arquivo Edgard Leuenroth e responsável pelo processo de incorporação do acervo de Garcia, Aldair Rodrigues, o presidente executivo da Fundação Chile 21, Carlos Ominami, a filósofa Marilena Chaui e o filho de Marco Aurélio, o psiquiatra Leon Lobo Garcia.

Conforme relatou Dulci, o livro é a primeira publicação do Imag, instituto criado e mantido por argentinos, e será lançado em espanhol nos próximos dois meses para distribuição em toda a América Latina. “Não apenas para homenagear Marco Aurélio, que tem de fato um legado de pensamento e atuação a ser preservado e difundido. Poucas pessoas pensaram de maneira tão ampla dimensões econômicas, sociais, históricas e culturais da integração sul-americana. Ninguém foi tão longe neste tema quanto ele”, afirmou.

O ex-ministro Celso Amorim, que foi contemporâneo de Marco Aurélio desde a época da UNE, mencionou a importância de MAG especialmente na política externa da América do Sul, mas não apenas nela. “Em uma das primeiras discussões que tive sobre Alca, por exemplo, tive apoio muito forte de Marco Aurélio. Ele era um estrategista”, disse.

Marilena Chaui destacou que Marco Aurélio era a figura viva da irreverência, por isso era capaz de lidar com as questões do poder. “Ele não tinha o menor respeito pela classe dominante brasileira. Havia uma irreverência cáustica quando se referia a isso que, para nós, aparecia como sacrifício, todas as maneiras trágicas de lidar com esse horror que é a classe dominante brasileira. Foi com ele que aprendi a não olhar para o alto com temor e respeito, mas olhar para o alto com desrespeito, irreverência e destemor. Foi o mais intelectual dos militantes e o mais militante dos intelectuais”.

Em depoimento emocionado, o filho, Leon Lobo Garcia, afirmou ter herdado parte da irreverência citada por Marilena. “Nasci em 1972, no Chile, sou filho de uma mãe (a socióloga Elisabeth Lobo) e um pai que foram absolutamente convictos, militantes, que colocaram seu trabalho, sua dedicação e as oportunidades privilegiadas que tiveram na sociedade brasileira a serviço da luta social, como algo absolutamente natural. Ainda que a gente desanime diante dos revezes, sinto que eu tenha incorporado isso, porque não há outra vida possível.”

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