Se as músicas do rapper Gustavo Pereira – Djonga – tocam, é difícil não parar para ouvir o que ele canta, sempre em tom de indignação. Jovem de 24 anos, há pouco lançou seu segundo álbum: O Menino que Queria ser Deus, com uma capa polêmica, na qual aparece sentado no colo de uma mulher negra vestida de branco e pisa em um homem branco que veste um terno.

Em entrevistas concedidas para páginas especializadas em música, ele nega referências e diz que a capa apenas “foi”, não tem significados, mas, segundo as mesmas páginas, ela gerou polêmica nas redes. Um dos motivos é o trabalho anterior do artista, o álbum “Heresia”, que tem duras críticas à sociedade brasileira e à marginalização dos negros no Brasil.

“Heresia” foi tão impactante que se tornou o melhor álbum do ano na renomada lista da revista Rolling Stones e trouxe sucesso inédito para Djonga. No início do mês, ele se apresentou na abertura do show de Mano Brown e Criolo, no Espaço das Américas.

Mineiro de Belo Horizonte, ele nasceu na Favela do Índio, na capital mineira. Antes do sucesso, estudava História na Fundação de Arte de Ouro Preto (FAOP). Além da crítica social, suas músicas falam sobre sexo, dinheiro e sucesso. As referências de Djonga são diversas, vão de Racionais MC’s a Renato Russo e Shakespeare.

Ainda é difícil encontrar material sobre o artista na rede, mas ao ouvir suas músicas fica bem claro que ele se concentra na realidade atual e consegue captar muito bem como os nossos dias são controversos e beiram o absurdo. A música “Olho de Tigre” do álbum Heresia é daquelas que fazem refletir e pedem para ser ouvidam novamente. Indico alguns versos marcantes: “Um boy branco, me pediu um high five/ Confundi com um Heil, Hitler/ Quem tem minha cor é ladrão/ Quem tem a cor de Eric Clapton é cleptomaníaco/ Na hora do julgamento, Deus é preto e brasileiro/ E pra salvar o país, Cristo é um ex-militar/ Que acha que mulher reunida é puteiro”.

O tom crítico está presente na música inteira: “Tô crítico igual cartoon do Henfil/ Com esses Danilo Gentili eu não vou ser gentil/ Te informando Jornal Nacional/ Talvez por isso que me chamam de sensacional/ Tenho sido tão verdadeiro/ Que prefiro não usar ouro e não ser falso em nada/ Tem quem fica a ver navios/ E tem quem chega longe de jangada”. O refrão termina com um verso curto e direto: “Fogo nos racistas”.

Visceral, o trabalho do rapper Djonga é fundamental para que a sociedade brasileira possa enxergar o país além do que mostra a grande mídia. Em diversas publicações, Djonga é apontado como um dos integrantes da terceira geração do rap nacional que tem artistas também muito críticos como o baiano Baco Exú do Blues.

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