Alagoas é o estado brasileiro onde a cor da pele parece mais influenciar na possibilidade de um assassinato. A taxa de homicídios a negros no estado era de 69,7% em 2016, enquanto a de não-negros era dezessete vezes menor, 4,1% (a menor do país para esta população). Os dados foram calculados pela Fundação Perseu Abramo a partir do Atlas da Violência 2018.

No Brasil como um todo, a proporção de assassinatos de negros foi 2,5 vezes maior que a de não negros, sendo que a população negra do país (de cor preta e parda) correspondia a pouco mais da metade da população, 54,6%, em 2016. Conforme pode-se observar na tabela a seguir, os demais estados com maior proporção de negros assassinados são Paraíba (oito vezes mais), Amapá (7,6), Sergipe (5,2), Ceará (4,7), Espírito Santo (4,5) e Rio Grande do Norte (4,4 vezes). A menores proporções relevantes estão em Roraima (1,2 vez), Rondônia (1,3) e Tocantins (1,3).

Sergipe possui a maior taxa de homicídios a negros do país (79%), seguido de Rio Grande do Norte (70,5%) e Alagoas (69,7%). As menores taxas são de São Paulo (13,5%), Paraná (19%) e Santa Catarina (22,4%), estados onde, no entanto, a proporção de negros é bem inferior à média nacional. Neste aspecto, o Piauí se destaca positivamente, com uma taxa de homicídios a negros de 24%, para uma população 81,4% negra.

Outro dado que mostra esta faceta da desigualdade de forma bem explícita é a variação da taxa de homicídios entre 2006 a 2016. Neste período, a taxa de homicídio aos negros cresceu 23,1% no país, enquanto a dos não negros decresceu em 6,8%.

O Rio Grande do Norte foi onde ocorreu o vultuoso aumento de 321,1% nesta taxa de homicídio da população negra entre 2006 a 2016, seguido de Sergipe, 172,3% e Acre, com 123,9%. Já as maiores reduções se deram na região Sudeste, especialmente em São Paulo (47,7%), Rio de Janeiro (27,7%) e Espírito Santo (23,8%).

 

`