Passados dois meses, caso Marielle continua sem solução
A execução da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes completou dois meses no último domingo (13) sem que a polícia tenha esclarecido o caso. Ao que tudo indica, um ex-colega da parlamentar, o vereador Marcello Siciliano (PHS) e o Orlando Oliveira de Araújo, mais conhecido como Orlando Curicica, um ex-Policial Militar ligado a uma milícia da Zona Oeste do Rio, preso em Bangu desde outubro do ano passado, foram os mandantes do crime que começou a ser arquitetado em junho.
As informações partem de uma testemunha, que procurou a polícia depois de ter sido ameaçada de morte pelos supostos mandantes do crime ocorrido no Rio de Janeiro, em 14 março. Segundo a fonte, que diz ser policial militar e miliciano, haviam quatro pessoas no carro que interceptou o automóvel onde estava Marielle e Anderson: um policial militar da ativa, um ex-PM e dois milicianos.
De acordo com o delator, Marielle atrapalhava os planos de milicianos com a expansão das ações comunitárias da parlamentar na Zona Oeste do Rio e sua crescente influência em áreas de interesse da milícia, controladas pelo tráfico. A vereadora passara a apoiar os moradores da Cidade de Deus e comprou briga com o ex-policial e o vereador, que tem uma parte do seu reduto eleitoral na região. Pelo menos dois homens foram mortos depois do assassinato de Marielle como queima de arquivo, um deles Carlos Alexandre Pereira Maria, de 37 anos, morto em 8 de abril. A testemunha também estava coagida e jurada de morte por Araújo, que acredita estar preso devido a uma denúncia feita por ele.
Áudios captados pela Polícia Civil do Rio de Janeiro e divulgados no último domingo comprovam que o vereador Marcelo Siciliano teve ao menos duas conversas telefônicas com milicianos.
O vereador Marcello Siciliano, que está em seu primeiro mandato pelo PHS, já foi citado em um relatório da Polícia Civil sobre a influência das milícias em Jacarepaguá nas eleições de 2014, e tem seu reduto eleitoral em bairros da zona oeste da capital onde há a presença de milicianos.
Já o ex-PM Orlando Oliveira Araújo, o Orlando Cariacica, preso em Bangu 9 desde outubro, por comandar confrontos relacionados às milícias, que envolvia a cobrança de taxa a comerciantes e outros assassinatos, foi transferido no último dia 09, para a Penitenciária Laércio da Costa Pellegrino (Bangu 1), considerada de segurança máxima pelo governo estadual, em regime disciplinar e sem direito a visitas de parentes e teve sua transferência pedida, na última segunda feira (14) para um presídio federal de segurança máxima. A transferência “é de grande relevância para o interesse da segurança pública, visando inibir a atuação do preso em referência e de coibir eventuais associações criminosas, bem como quaisquer outras práticas que atentem contra o Estado e a população”, disseram os procuradores da Justiça do Rio de Janeiro.
Em comunicado, a Anistia Internacional reforçou a necessidade de pressão sobre as autoridades, para que o caso seja solucionado. “A cada dia que se passa as chances de que um caso de homicídio seja resolvido diminui. Não podemos deixar que o assassinato de Marielle fique sem resposta porque a impunidade alimenta o ciclo de violência”, disse Jurema Werneck, diretora da Anistia Internacional Brasil.
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