Pesquisa inédita, publicada pelo jornal Valor, no dia 7 de maio, mostra pela primeira vez, que a maior parcela da população admite que a ex-presidenta Dilma Rousseff sofreu um golpe em 2016, segundo 47,9% dos brasileiros. Uma parcela ligeiramente menor, de 43,5%, entende que a retirada de Dilma do governo foi um processo “normal” de impeachment, que “faz parte do processo democrático”, como propagava a mídia.

Os dados são de um levantamento feito entre 15 e 23 de março, com 2,5 mil entrevistas, pelo Instituto da Democracia e da Democratização da Comunicação, do Programa de Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT), composto por importantes instituições acadêmicas como a UFMG, Iesp/UERJ, Unicamp e UnB.

A pesquisa, realizada antes da prisão do ex-presidente Lula também revelou que a população estava dividida quanto à concordância com a condenação de Lula: 39,1% discordavam (27,6% discordaram muito e 11,5% discordaram pouco) e 45,5% dos consultados concordaram com a condenação do TRF-4 (30,3% concordaram muito e 15,2% concordaram pouco), há ainda 10,3% que não concordam nem discordam.

A pesquisa demonstra que o massacre imposto ao PT e suas lideranças pela mídia hegemônica e as forças conservadoras pelas redes sociais vem perdendo força frente à inúmera série de denúncias de corrupção contra os golpistas, como as da JBF, a impressionante cena de um assessor de Temer correndo com uma mala de dinheiro em um estacionamento, o bunker escondendo mais de cinquenta milhões de reais do ex-ministro Geddel Lima (MDB-BA), a gravação do senador Romero Jucá (MDB-RR) e as denúncias contra o próprio Temer apresentadas pela Procuradoria-Geral da República.

Há, no entanto, dados preocupantes na pesquisa, que revelam que a maior parcela da população admite apoiar um golpe militar, caso “o país fosse palco de muitos crimes”, segundo 53,2%, contra 41,3% que seriam contra mesmo nessa situação; ou frente a um quadro de muita corrupção, onde 47,8% apoiariam que os militares tomassem o poder, e 46,3% seriam contra.

Essa é a primeira vez, em mais de dez anos, em que esse tipo de pergunta é feita em diferentes pesquisas de opinião que utilizam o mesmo método, que a admissão por um golpe militar ultrapassa a preferência pela democracia. Testadas outras situações, como em situação de muito desemprego ou de muitos protestos sociais, a ideia de um golpe militar não é majoritária, recebe apoio de 25,6% e 25,7% respectivamente.

Sem dúvida, o golpe deixa marcas na democracia. Atualmente apenas 29,4% dos brasileiros estão satisfeitos com a democracia. Essa taxa já foi de 44,4%, em 2010. A concordância com a afirmação “A democracia é preferível a qualquer outra forma de governo” também caiu de 77,4% em 2010, para atuais 56,1%, chegando a menor adesão, desde 2002. “Há um quadro de desconfiança radical e absoluta nas instituições”, segundo o professor Leonardo Avritzer, da UFMG, um dos coordenadores da pesquisa.

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