Na última segunda-feira, 30 de abril, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, começou a preparar o ambiente de uma possível saída dos Estados Unidos do acordo nuclear com o Irã, por meio de um discurso que acusou os iranianos de estarem avançando em seu projeto de armas nucleares. Em menos de duas semanas, no dia 12 de maio, haverá revalidação periódica do acordo e até antes desta data o governo estadunidense pode anunciar sua saída, que deverá ter o aval do Congresso.

O acordo entre Irã, Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha, Rússia e China foi firmado há três anos, ainda durante o governo de Barack Obama. Ele prevê que, em troca da suavização dos embargos econômicos contra os iranianos, estes iriam acabar com seu projeto de construção de armas atômicas.

Desde a corrida eleitoral, o atual presidente americano, Donald Trump, via o acordo de forma negativa e chegou a dizer que ele nunca deveria ter sido feito. Um dos seus principais aliados no Oriente Médio é Israel, ou seja, a acusação de que o Irã não está fazendo sua parte veio de um país próximo e amigo dos Estados Unidos. Além disso, na sexta-feira, 27 de abril, Mike Pompeo assumiu o cargo como novo secretário de Estado (uma espécie de ministro das Relações Exteriores) do governo Trump e, ao contrário de seu antecessor, Pompeo já se mostrou um crítico ferrenho ao acordo.

Por outro lado, os países da União Europeia, como por exemplo a França, querem a continuação e a revalidação do acordo. O presidente francês, Emmanuel Macron, em sua visita recente a Trump, tinha como missão justamente convencer o americano a apoiar sua posição. E no domingo, dia 29 de abril, Macron e as primeiras-ministras do Reino Unido e da Alemanha, Theresa May e Angela Merkel, respectivamente, conversaram por telefone sobre a importância do tratado e a possibilidade de uma revisão em seu texto.

Já por parte do Irã, o seu atual presidente, Hassan Rohani, também defende o acordo – foi ele, inclusive, que o negociou em 2015 (Rohani se reelegeu ano passado) -, apesar de receber fortes críticas por parte da oposição, que vê no tratado uma submissão às vontades do Ocidente. Um das suas metas no segundo mandato era conseguir melhores resultados no que tange aos embargos econômicos.

Portanto, se até dia 12 deste mês ocorrer a saída dos Estados Unidos do acordo, com o apoio de Netanyahu e das suas acusações que até agora não foram comprovadas, este poderá chegar ao fim, já que o país americano é o principal ator ocidental. Ademais, seria mais um episódio em que Trump mostra interesse em isolar o Irã, aliando-se a Israel e Arábia Saudita (o primeiro país que ele visitou após tomar posse e também o primeiro destino de viagem de Pompeo), e isso pode gerar grandes tensões na região, com consequências bélicas imprevisíveis.

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